Publicado 07/07/2021 14:25
O cargueiro Ever Given, que bloqueou o Canal de Suez em março, voltou a navegar nesta quarta-feira (7), após 100 dias de imobilização e assinatura de um acordo confidencial de indenização entre as autoridades egípcias e o proprietário japonês do navio.
O Canal de Suez, ponto de passagem de cerca de 10% do comércio mundial, segundo especialistas, ficou bloqueado por seis dias em março, causando uma grave interrupção no tráfego marítimo.
O navio de 400 metros e capacidade de 200 mil toneladas começou a se mover para o norte, em direção ao Mediterrâneo, esta manhã, após longas negociações.
Atualmente, está na foz norte do canal, de acordo com sites de monitoramento de tráfego marítimo.
O presidente da Autoridade do Canal de Suez (SCA), Osama Rabie, disse nesta quarta-feira em entrevista coletiva que o navio poderia ser submetido a inspeções em Port Said, na costa mediterrânea.
Mais cedo, durante uma cerimônia nas margens do canal, a SCA assinou um acordo de compensação com o armador japonês do navio, Shoei Kisen Kaisha, cujos termos foram mantidos em sigilo.
No domingo, Rabie havia indicado em entrevista à televisão que o Egito receberia, além da compensação financeira, um rebocador com capacidade de 75 toneladas do dono do Ever Given.
Cairo havia inicialmente reivindicado 916 milhões de dólares, antes de revisar para 600 e depois para 550 milhões de dólares.
Na cerimônia de conclusão do acordo, com as bandeiras egípcia e japonesa ao fundo, transmitida ao vivo na televisão egípcia, Rabie considerou que o incidente foi um "teste difícil" para o Egito "sob o olhar de o mundo inteiro".
As imagens do cargueiro, um dos maiores do mundo, encalhado por quase uma semana no final de março tiveram grande impacto nas redes sociais e na mídia internacional.
O acordo de indenização foi anunciado no domingo pelas autoridades egípcias, abrindo caminho para a liberação do navio. Na terça-feira, o tribunal econômico de Ismailia pôs fim à apreensão da embarcação.
O navio, com bandeira panamenha e operado pelo armador taiwanês Evergreen Marine Corporation, encalhou sua proa na parte leste da hidrovia em 23 de março, cruzando o canal e bloqueando todo o tráfego.
As operações para desencalha-lo, que duraram seis dias, exigiram mais de dez rebocadores, além de dragas para cavar o fundo do canal.
O Ever Given foi então imobilizado no grande Lago Amer, no centro do canal, pelas autoridades egípcias, à espera do pagamento de indenização pela perda de receita durante o incidente, o custo do resgate e os danos ao canal.
De acordo com a SCA, o Egito perdeu entre 12 e 15 milhões de dólares por dia de fechamento.
Além disso, um funcionário da SCA morreu durante as operações de reflutuação do navio, segundo a autoridade egípcia. E o revestimento das margens foi danificado.
Um total de 422 navios cargueiros com 26 milhões de toneladas de carga ficaram bloqueados.
De acordo com a seguradora Allianz, as perdas atingiram de seis a dez bilhões de dólares por dia para o comércio marítimo global.
Uma de suas principais fontes de receita, o Canal rendeu cerca de 5,7 bilhões de dólares ao Egito em 2019-2020.
Quase 19 mil navios usaram o canal em 2020, de acordo com a SCA, uma média de 51,5 navios por dia.
Após o bloqueio da hidrovia, o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sissi prometeu que seu país iria adquirir equipamentos mais adequados para enfrentar situações semelhantes.
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