Avião militar ucraniano caiu perto de Kiev, capital da Ucrânia, com 14 pessoas a bordo AFP PHOTO / UKRAINE EMERGENCY MINISTRY PRESS SERVICE / HANDOUT
Publicado 24/02/2022 12:25 | Atualizado 24/02/2022 17:39
Kiev - As tropas russas atacam a Ucrânia por ar, terra e mar nesta quinta-feira, 24, e o governo ucraniano já fala em invasão total. Essa é a maior operação militar dentro de um país europeu desde a Segunda Guerra Mundial. A invasão russa começou nesta madrugada, com ataques aéreos em todo o país, incluindo na capital Kiev, e a entrada de forças terrestres ao norte, leste e sul, provocando dezenas de mortos, segundo as autoridades da Ucrânia.
A ofensiva provocou clamor internacional, com reuniões de emergência previstas em vários países. Os 27 membros da União Europeia se reúnem na parte da tarde em Bruxelas, enquanto a Otan convocou uma videoconferência para sexta-feira.

Dois dias depois de reconhecer a independência dos territórios separatistas ucranianos na região de Donbas, o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou durante a madrugada a invasão do país vizinho.

"Tomei a decisão de uma operação militar", declarou Putin em um discurso. "Vamos nos esforçar para alcançar uma desmilitarizaração e uma desnazificação da Ucrânia", afirmou.
'Limpa dos nazistas'
Porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov disse a repórteres que Moscou pretende impor um "status neutro" à Ucrânia, sua desmilitarização e a eliminação dos "nazistas" que, segundo ele, estão no país.

"A duração (da operação) será determinada por seus resultados e sua relevância. Isso será determinado pelo comandante-em-chefe", declarou, referindo-se ao presidente Putin.
"De modo ideal, a Ucrânia precisa ser libertada e limpa dos nazistas", reiterou, acrescentando que seu país não está tentando organizar uma "ocupação".
Explosões
Pouco depois da meia-noite começaram a ser ouvidas explosões em várias cidades ucranianas, da capital, Kiev, a Kharkiv, a segunda maior cidade do país na fronteira com a Rússia, mas também em Odessa e Mariupol, às margens do Mar Negro.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, proclamou a lei marcial no país e pediu aos compatriotas que "não entrem em pânico", antes de anunciar o rompimento das relações diplomáticas com Moscou.

Por volta das 10h (7h de Brasília), seu gabinete informou que "mais de 40 militares ucranianos morreram, dezenas ficaram feridos" e "quase 10 civis morreram".

As autoridades da região de Odessa também indicaram que 18 pessoas morreram em um vilarejo bombardeado pela Rússia.

Por volta das 12h (9h de Brasília), a ofensiva parecia ter como alvo Kiev: as autoridades ucranianas disseram que as forças terrestres russas entraram nas proximidades da capital e que um avião militar ucraniano caiu na região com 14 pessoas a bordo.
No metrô de Kiev, dezenas de pessoas tentavam se abrigar ou deixar a cidade, de trem ou por estrada.

"Acordei com o som de bombas, fiz as malas e fugi", contou à AFP Maria Kachkoska, de 29 anos, agachada em estado de choque no metrô.

Mesmo quando ainda era escuro, o trânsito era similar ao da hora do rush. Carros cheios de famílias corriam para fora da cidade, para o oeste ou para áreas rurais, longe da fronteira russa, a 400 km de distância.
Mortes em bombardeios
Dezoito pessoas morreram, nesta quinta-feira, em um bombardeio contra uma base militar de uma localidade próxima ao porto de Odessa, cidade costeira situada às margens do Mar Negro na Ucrânia, de acordo com informações das autoridades locais.
"Dezoito pessoas morreram, oito homens e dez mulheres. No momento ainda estamos cavando entre os escombros, afirmou a administração regional de Odessa em um comunicado.
Até o momento, este é o ataque mais violento do dia, de acordo com os relatos das autoridades ucranianas, que, mais cedo, divulgaram um balanço total de 50 mortos no país, incluindo dez civis.
O ataque atingiu uma base militar 100 quilômetros ao norte de Odessa, em uma área próxima da fronteira com a Moldávia.
Queda de avião ucraniano
Um avião militar ucraniano caiu perto de Kiev, na capital da Ucrânia, com 14 pessoas a bordo. O anúncio foi feito pelo Serviço de Situações de Emergência.
A queda da aeronave se deu próximo à localidade de Trypillia, cerca de 50 quilômetros ao sul da capital ucraniana, conforme a mesma fonte.
Combates em base militar
O Exército ucraniano anunciou, nesta quinta-feira, que acontecem neste momento combates pelo controle de um aeroporto militar em Gostomel, perto de Kiev.

"Combates estão em curso pelo aeroporto de Gostomel", localizado poucos quilômetros a noroeste de Kiev, anunciou o chefe das Forças Armadas ucranianas, Valery Zaloujny.

Segundo imagens publicadas nas redes sociais, esta infraestrutura foi atacada por vários helicópteros.

A situação também é "tensa" no sul do país, onde combates estão sendo travados pelas cidades de Genitchesk, Skadovsk e Chaplynka, na região de Kherson, perto da Crimeia, acrescentou Zaloujny.

O aeroporto de Gostomel, próximo ao aeroporto de Antonov, está localizado ao norte de Kiev e por enquanto é o local mais próximo da capital que as forças russas chegaram desde o início da invasão, nesta quinta-feira.
Destruição em instalações militares
Também nesta quinta-feira, o Exército russo disse que destruiu 74 instalações militares na Ucrânia, incluindo 11 aeródromos, como parte da invasão ordenada por Moscou esta madrugada.

"Após os ataques aéreos das Forças Armadas russas, 74 instalações militares terrestres foram retiradas de serviço. Isso inclui 11 aeródromos da Força Aérea", disse o porta-voz do ministério da Defesa russo, o general Igor Konashenkov, na televisão.

Ele também anunciou a destruição de "três postos de comando, uma base naval ucraniana e 18 estações de radar dos sistemas de defesa antimísseis ucranianos S-300 e Buk-M1", bem como um "helicóptero de ataque" e "quatro drones Bayraktar TB-2" de fabricação turca.

Konachenko também disse que um caça russo Su-25 caiu "como resultado de um erro do piloto", que conseguiu se ejetar e está "seguro e em sua unidade militar".

Ele assegurou que o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, ordenou que o Exército russo "trate com respeito" os soldados ucranianos.
Segundo ele, os separatistas pró-Rússia na ofensiva contra o Exército ucraniano no leste e sob a cobertura de bombardeios russos "avançou 7 quilômetros" em seu ataque.

Estas alegações não são possíveis de verificar de forma independente por enquanto.
*Com informações da AFP
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