Missões de retirar civis foram prejudicadas por violações do cessar-fogo anunciadosAFP
Publicado 09/03/2022 12:49 | Atualizado 09/03/2022 13:20
O governador de Kharkiv disse nesta quarta-feira, 9, que a retirada de moradores de Izyum não está acontecendo, porque os bombardeios russos continuam  mesmo no segundo dia de cessar-fogo. Segundo o prefeito da cidade, alguns civis foram retirados por um corredor humanitário. 
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, publicou um vídeo em suas redes sociais que mostra que o bombardeio russo atingiu uma maternidade em Mariupol nesta quarta-feira.
Na terça-feira, 8, à noite, o ministério da Defesa russo anunciou corredores humanitários no porto cercado de Mariupol, em Kharkiv e em Chernihiv, mas não explicou para onde seguiriam ou se foram aceitos pelo lado ucraniano.

Para tirar os moradores de zonas de conflito, os corredores humanitários têm funcionado parcialmente. Em Mariupol, todas as tentativas até agora foram frustradas por causa dos bombardeios. Em teoria, haveria um cessar-fogo das 9 horas às 21 horas desta quarta em seis cidades ucranianas.
Embora os bombardeios não tenham cessado em região da Ucrânia, os dois países concordaram mais cedo em respeitar um cessar-fogo que permita a retirada de civis de várias zonas destruídas pelos bombardeios, enquanto aumentam as sanções internacionais contra Moscou, que acusou o governo dos Estados Unidos de travar uma "guerra econômica".
Além de disso, ao menos nove pessoas, incluindo duas crianças, morreram na segunda-feira, 7, à noite em um bombardeio na cidade de Sumy, 350 km ao leste de Kiev, informaram nesta terça-feira os serviços de emergência ucranianos.

"Aviões inimigos atacaram de maneira insidiosa edifícios residenciais", afirma uma mensagem publicada no Telegram pelos serviços de emergência, que chegaram ao local às 23H00 locais. Os socorristas encontraram os corpos de nove civis e conseguiram resgatar uma mulher dos escombros. Sumy, perto da fronteira com a Rússia, é cenário de combates violentos há vários dias.
Refugiados
Mais de 140 mil refugiados se somaram, nas últimas 24 horas, aos mais de dois milhões de exilados que fugiram da Ucrânia desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, segundo os últimos números publicados pela ONU. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) contabiliza 2.155.271 refugiados que fugiram da guerra da Ucrânia, segundo os dados publicados nesta quarta-feira.

São 143.959 refugiados adicionais na comparação com terça-feira.

A marca dos dois milhões foi superada na véspera, somente 12 dias depois do início do conflito, disse Filippo Grandi, alto comissário para os refugiados, o que representa o fluxo de exilados mais rápido no continente europeu desde a Segunda Guerra Mundial.

As autoridades na zona de guerra e a ONU asseguram que este fluxo vai aumentar ainda mais. Várias tentativas de abrir corredores humanitários fracassaram desde o início da guerra, mas um novo acordo foi alcançado na manha desta quarta-feira.

Segundo a ONU, até quatro milhões de pessoas poderão abandonar o país por causa do conflito.

Antes do começo do conflito, a Ucrânia tinha mais de 37 milhões de habitantes nos territórios controlados por Kiev, o que não inclui a península da Crimeia - anexada pela Rússia em 2014 - nem as duas zonas que estão nas mãos dos separatistas pró-russos no leste do país.

A Polônia recebe mais da metade dos refugiados, ou seja 1.294.903, segundo o balanço do ACNUR de 8 de março. Os agentes fronteiriços poloneses anunciaram nesta quarta-feira pela manhã que 1.330.000 pessoas entraram no país procedentes da Ucrânia durante o conflito, 93% delas ucranianas. Na véspera, terça-feira, as autoridades registraram 142.400 entradas.

A Hungria acolheu até o momento 203.222 refugiados, um pouco menos de 10% do total, segundo o ACNUR. O país conta com cinco postos fronteiriços com a Ucrânia e várias cidades limítrofes, como Zahony, colocaram edifícios públicos à disposição para alojar os ucranianos

Cerca de 153.303 ucranianos fugiram em direção à Eslováquia desde o início da guerra, segundo a agência da ONU, 12.613 a mais que o informe anterior. E o número de pessoas que se refugiaram na Rússia se estabeleceu em 99.300 pessoas até a data de 8 de março, sem mudanças em relação à véspera. O Acnur apontou que, entre 18 e 23 de fevereiro, 96 milpessoas passaram dos territórios separatistas pró-russos de Donetsk e Lugansk para a Rússia.

O número de ucranianos chegados à Moldávia não se alterou desde domingo na contagem do Acnur. Segundo esta última cifra disponível, 82.762 refugiados chegaram à Moldávia, ainda que uma parte siga seu caminho rumo à Romênia ou Hungria, onde têm familiares.

Na Romênia o Acnur contabilizou 85.444 refugiados até domingo. Como na Moldávia, muitos refugiados decidem seguir para outros países mais ao oeste. A agência da ONU também contabilizou que 235.745 pessoas, mais de 10% do total, refugiaram-se em outros países europeus, mais distantes das fronteiras ucranianas.
*Com informações da AFP
Leia mais