Publicado 11/03/2022 19:12 | Atualizado 11/03/2022 19:28
A indignação ocidental ecoou nesta sexta-feira (11) na reunião do Conselho de Segurança da ONU convocada pela Rússia para denunciar a "eliminação" por parte de Kiev de "restos" de supostos experimentos em laboratórios com patógenos biológicos, no momento em que cresce a preocupação sobre o possível uso de armas químicas em território ucraniano.
O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, na qualidade de presidente do Conselho de Segurança, convocou esta reunião sobre armas biológicas. Nela, repetiu as acusações contra os Estados Unidos e sua suposta cooperação em "30 laboratórios biológicos" na Ucrânia, que trabalhariam com agentes de "peste, antraz ou cólera" para fabricar armas.
Por sua parte, a embaixadora americana, Linda Thomas-Greenfield, assegurou que "a Ucrânia não tem programas de armas biológicas, nem existem laboratórios de armas biológicas apoiados pelos Estados Unidos no país".
Thomas-Greenfield recordou a “longa história da Rússia de acusar outros países de violações que ela mesma perpetra” antes de alertar sobre as “sérias preocupações de que a Rússia esteja planejando usar armas biológicas ou químicas contra os ucranianos”.
Para sua colega britânica, Barbara Woodward, tratam-se de "teorias da conspiração infundadas e irresponsáveis" e que o Conselho não deve servir para ouvir "propaganda interna russa" e sua estratégia de "desinformação".
Muitos dos 15 membros do Conselho de Segurança não esconderam seu espanto com a convocação para esta reunião: "Se eu soubesse, não teria vindo", disse um diplomata que preferiu não se identificar.
"O Estado agressor voltou a dar um tiro no próprio pé com esta reunião", disse o embaixador ucraniano, Sergiy Kyslytsya, que relembrou "o delírio" e as "mentiras" russas que sugerem que a grávida ferida em um atentado ao hospital Mariupol, cuja foto circulou o mundo, era uma "atriz".
A mulher, chamada "Mariana deu à luz uma menina saudável chamada Verônica", disse o embaixador, que lamentou a "instrumentalização" do Conselho de Segurança por parte da Rússia.
Lembrando que a guerra está entrando em sua terceira semana, a secretária-geral adjunta da ONU para Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, condenou a conduta da Rússia na guerra.
"Atacar civis, hospitais, escolas é imperdoável e seus perpetradores devem ser responsabilizados", alertou.
Moscou nega que tenha iniciado uma guerra e descreve a invasão da Ucrânia como uma "operação militar especial".
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