Publicado 16/03/2022 08:41 | Atualizado 16/03/2022 13:27
Varsóvia - Pela primeira vez em sua vida, o adolescente Gleb Gunko entrará em combate na Ucrânia. O cenário é novo, mas os motivos não. Como bielorrusso, ele vê este conflito como uma extensão da luta pela democracia em seu país. "Vou à Ucrânia não apenas para apoiar e lutar pela Ucrânia, mas também para lutar por Belarus", diz à AFP o jovem de 18 anos, que mora em Grojec, na Polônia.
"Porque nossa liberdade também depende da situação lá e do que está acontecendo agora", acrescenta, mostrando uma tatuagem com o lema "born free" nos dedos.
Natural de Minsk, Gunko fugiu de seu país em 2020, quando o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko lançou uma repressão feroz aos opositores que protestavam contra sua reeleição, vista como fraudulenta pelos países ocidentais.
O autoritário governante bielorrusso, no poder há quase 30 anos, é agora alvo de novas condenações e sanções internacionais por apoiar e permitir a invasão russa da Ucrânia. Mas se o poder em Minsk está alinhado com o Kremlin, muitos cidadãos apoiam a causa ucraniana e alguns, como Gunko, até pegam em armas.
"Os bielorrussos não podem ajudar a Ucrânia com armas como todo mundo faz, mas também não podem ficar à margem, então lutarão pela independência de seu país irmão", postou no Facebook a Fundação Casa Belarus em Varsóvia.
A ONG, que trabalha pelos direitos humanos e pela democracia em Belarus, organizou a logística do envio de combatentes voluntários para a Ucrânia.
"Liberdad"
"Porque nossa liberdade também depende da situação lá e do que está acontecendo agora", acrescenta, mostrando uma tatuagem com o lema "born free" nos dedos.
Natural de Minsk, Gunko fugiu de seu país em 2020, quando o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko lançou uma repressão feroz aos opositores que protestavam contra sua reeleição, vista como fraudulenta pelos países ocidentais.
O autoritário governante bielorrusso, no poder há quase 30 anos, é agora alvo de novas condenações e sanções internacionais por apoiar e permitir a invasão russa da Ucrânia. Mas se o poder em Minsk está alinhado com o Kremlin, muitos cidadãos apoiam a causa ucraniana e alguns, como Gunko, até pegam em armas.
"Os bielorrussos não podem ajudar a Ucrânia com armas como todo mundo faz, mas também não podem ficar à margem, então lutarão pela independência de seu país irmão", postou no Facebook a Fundação Casa Belarus em Varsóvia.
A ONG, que trabalha pelos direitos humanos e pela democracia em Belarus, organizou a logística do envio de combatentes voluntários para a Ucrânia.
"Liberdad"
"Lukashenko e (o presidente russo Vladimir) Putin são dois terroristas", diz Pavel Kukhta, diretor do novo centro de voluntários.
"Esta é uma batalha entre democracia e liberdade de um lado e ditadura do outro", acrescenta o bielorrusso de 24 anos.
"Esta é uma batalha entre democracia e liberdade de um lado e ditadura do outro", acrescenta o bielorrusso de 24 anos.
Kukhta conhece a guerra em primeira mão. Ele lutou contra os rebeldes separatistas pró-russos em Donbas, no leste da Ucrânia, de 2016 a 2018, quando foi ferido por uma mina. "Lutamos sob o lema 'nossa liberdade e a sua'", diz o soldado, cujo irmão mais velho foi morto pelas forças de segurança bielorrussas durante os protestos em seu país.
"Então, em Donbas, pensamos que Putin ocuparia Belarus. Mas com Lukashenko (no poder), isso foi alcançado sem disparar uma única bala", argumenta. "Lukashenko não decide mais nada. Tudo passa pela Rússia e Putin", insiste.
Enquanto fala, o centro vibra. Voluntários enchem caixas com coletes à prova de balas, baterias portáteis, comida enlatada, remédios e outros itens básicos para os combatentes. O último grupo deve partir de carro para a Ucrânia nessa mesma noite e seus integrantes já estão no centro, animados e convencidos de que estão do lado certo da história.
Alexey Kovalczuk, um bielorrusso que trabalhou durante anos como instrutor de snowboard na Ucrânia, explica que sente "uma espécie de raiva prazerosa, a raiva da guerra". Ele já experimentou o conflito na linha de frente. Logo após a invasão russa no final de fevereiro, ele ajudou a retirar as pessoas da estação de esqui de Bukovel, no oeste da Ucrânia.
"Vi situações difíceis e entendo o que está acontecendo agora em Mariupol, Kharkiv, Kiev e outras cidades, de amigos e familiares", explica o homem de 41 anos, que passou vários anos nas forças especiais. "Não entendo como você pode matar civis. Não entendo", acrescenta.
Outro voluntário carrega fotos de família em preto-e-branco ou sépia. "Vou levar meus avós para a Ucrânia (...) Eles lutaram na Segunda Guerra Mundial, enquanto esse defendeu Varsóvia em 1920", diz Andrei Korsak, apontando para os rostos de seus ancestrais uniformizados. "Agora, um século depois, eu, seu neto, sou forçado a lutar contra as hordas russas novamente, para detê-las", orgulha-se o entregador de 53 anos da marca sueca Ikea.
"Farei tudo para parar este demônio", exclama este residente de Varsóvia, natural da histórica cidade bielorrussa de Polatsk. Embora prefira não matar ninguém, garante que "se chegar a hora ele vai imaginar que a pessoa à sua frente é um policial de choque de Minsk. E isso será mais fácil", garante.
"Então, em Donbas, pensamos que Putin ocuparia Belarus. Mas com Lukashenko (no poder), isso foi alcançado sem disparar uma única bala", argumenta. "Lukashenko não decide mais nada. Tudo passa pela Rússia e Putin", insiste.
Enquanto fala, o centro vibra. Voluntários enchem caixas com coletes à prova de balas, baterias portáteis, comida enlatada, remédios e outros itens básicos para os combatentes. O último grupo deve partir de carro para a Ucrânia nessa mesma noite e seus integrantes já estão no centro, animados e convencidos de que estão do lado certo da história.
Alexey Kovalczuk, um bielorrusso que trabalhou durante anos como instrutor de snowboard na Ucrânia, explica que sente "uma espécie de raiva prazerosa, a raiva da guerra". Ele já experimentou o conflito na linha de frente. Logo após a invasão russa no final de fevereiro, ele ajudou a retirar as pessoas da estação de esqui de Bukovel, no oeste da Ucrânia.
"Vi situações difíceis e entendo o que está acontecendo agora em Mariupol, Kharkiv, Kiev e outras cidades, de amigos e familiares", explica o homem de 41 anos, que passou vários anos nas forças especiais. "Não entendo como você pode matar civis. Não entendo", acrescenta.
Outro voluntário carrega fotos de família em preto-e-branco ou sépia. "Vou levar meus avós para a Ucrânia (...) Eles lutaram na Segunda Guerra Mundial, enquanto esse defendeu Varsóvia em 1920", diz Andrei Korsak, apontando para os rostos de seus ancestrais uniformizados. "Agora, um século depois, eu, seu neto, sou forçado a lutar contra as hordas russas novamente, para detê-las", orgulha-se o entregador de 53 anos da marca sueca Ikea.
"Farei tudo para parar este demônio", exclama este residente de Varsóvia, natural da histórica cidade bielorrussa de Polatsk. Embora prefira não matar ninguém, garante que "se chegar a hora ele vai imaginar que a pessoa à sua frente é um policial de choque de Minsk. E isso será mais fácil", garante.
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