Publicado 27/04/2022 12:30
Pelo menos 20 pessoas foram mortas, nesta quarta-feira (27), em um ataque contra muçulmanos realizado por "extremistas cristãos" durante o enterro de um dignatário religioso na cidade de Gondar, em Amhara, nordeste da Etiópia, informou um organismo islâmico.
Interrogado pela rádio e televisão pública etíope EBC, o prefeito de Gondar, Zewdu Malede, confirmou que "alguns extremistas" haviam provocado um "incidente", que terminou com a "destruição de bens e perdas de vidas humanas de ambos os lados", muçulmano e cristão.
A AFP não conseguiu contatar o governo regional de Amhara e a polícia de Gondar se recusou a dar qualquer declaração sobre a ataque.
Em um comunicado, o Conselho de Assuntos Muçulmanos da região garantiu que um "massacre foi realizado em 26 de abril contra muçulmanos reunidos no cemitério de Cheikh Elias, na cidade de Gondar, por extremistas cristão armados com armas individuais e coletivas".
Estes "desencadearam uma rajada de fogo" com a ajuda de armas automáticas e granadas, afirmou o Conselho, que informou que "20 pessoas foram assassinadas".
Os feridos foram levados para o hospital e muitos bens que pertenciam aos muçulmanos foram saqueados.
Uma desavença entre cristãos ortodoxos - a religião mais representada na Etiópia e majoritária em Amhara - e muçulmanos sobre o cemitério onde aconteceu o enterro pode explicar a violência.
"Apesar das ações incessantes para a tomada de posse do cemitério de Cheikh Elias, o lugar sempre foi, historicamente, um lugar muçulmano", afirmou o Conselho em um comunicado.
O cemitério em questão está no limite entre uma mesquita e uma igreja ortodoxa, o que enfureceu alguns cristãos, explicou um membro das forças locais de segurança em Gondar, que pediu anonimato, à AFP.
Várias pessoas - "mais de cinco" - foram mortas, acrescentou sem poder fornecer um número preciso, acrescentando que a cidade havia voltado à calma nesta quarta-feira
A violência foi cometida por "extremistas. Eles não representam as comunidades cristãs e muçulmanas em nenhum caso", enfatizou o prefeito de Gondar, numa tentativa aparente de não atribuir a responsabilidade a nenhum grupo religioso.
O objetivo "era incendiar, destruir, desestabilizar e saquear Gondar", garantiu. "Falharam" e "a situação voltou ao controle até às 19h00" de terça-feira, explicou.
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