Publicado 13/05/2022 08:52 | Atualizado 13/05/2022 08:53
A Rússia lançou sua ofensiva na Ucrânia em protesto contra uma possível expansão da Otan para as suas fronteiras, mas parece ter conseguido o efeito contrário, empurrando Finlândia e Suécia à adesão, o que reforçaria a dissuasão da Aliança.
Isso representa uma pequena revolução nesses países nórdicos. Durante décadas, a maioria dos suecos e finlandeses defendeu uma política de não alinhamento militar. A invasão na Ucrânia mudou essa tendência em suas opiniões públicas. Ambos os países agora parecem prontos a dar o passo para tentar dissuadir a Rússia, o que constituiria o mais importante alargamento da Otan desde a adesão dos países bálticos em 2004.
Defesa coletiva
Isso representa uma pequena revolução nesses países nórdicos. Durante décadas, a maioria dos suecos e finlandeses defendeu uma política de não alinhamento militar. A invasão na Ucrânia mudou essa tendência em suas opiniões públicas. Ambos os países agora parecem prontos a dar o passo para tentar dissuadir a Rússia, o que constituiria o mais importante alargamento da Otan desde a adesão dos países bálticos em 2004.
Defesa coletiva
A adesão se justifica pelo comportamento beligerante de Moscou, diz Michael Shurkin, analista político e ex-membro dos serviços secretos americanos, a CIA. Apesar do "mau desempenho" do exército russo na Ucrânia, "outra guerra contra um dos vizinhos da Rússia não é implausível, é uma possibilidade real para a qual esses vizinhos e seus aliados devem se preparar", aponta o especialista.
Apesar de seus esforços crescentes para ter fortes capacidades de defesa nacional, esses dois países neutros estariam sozinhos no caso de uma agressão russa. E a Finlândia tem mais de 1. 300 quilômetros de fronteira comum.
Do ponto de vista de Helsínque e Estocolmo, o principal atrativo é beneficiar da proteção mútua dos aliados em caso de ataque ao abrigo do artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte.
Como a Suécia, a "Finlândia obteria a dissuasão nuclear da Otan", colocando-se sob o guarda-chuva dos Estados Unidos, "algo que não poderia alcançar sozinha", indica Charly Salonius-Pasternak, especialista do Instituto Finlandês de Relações Internacionais.
Reforço do flanco leste
Apesar de seus esforços crescentes para ter fortes capacidades de defesa nacional, esses dois países neutros estariam sozinhos no caso de uma agressão russa. E a Finlândia tem mais de 1. 300 quilômetros de fronteira comum.
Do ponto de vista de Helsínque e Estocolmo, o principal atrativo é beneficiar da proteção mútua dos aliados em caso de ataque ao abrigo do artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte.
Como a Suécia, a "Finlândia obteria a dissuasão nuclear da Otan", colocando-se sob o guarda-chuva dos Estados Unidos, "algo que não poderia alcançar sozinha", indica Charly Salonius-Pasternak, especialista do Instituto Finlandês de Relações Internacionais.
Reforço do flanco leste
Os dois países nórdicos, membros da União Europeia (UE), cooperam com a Otan desde 1994 no âmbito do programa Parceria para a Paz. Também participaram em manobras conjuntas e em algumas operações da Otan, como no Afeganistão ou nos Balcãs. "Se esses dois países se unirem, isso reforçará a postura dissuasiva da Otan nas regiões ártica, báltica e nórdica", estima Leo Michel, pesquisador do think tank americano Atlantic Council.
Além disso, a "Finlândia e a Suécia poderiam trazer seu conhecimento regional para o processo de tomada de decisão da Otan", acrescenta. Mas Helsinque e Estocolmo também têm capacidades militares significativas.
A Finlândia tem apenas 12 mil soldados profissionais em seu exército, mas treina mais de 20 mil recrutas por ano e pode contar com um exército de guerra de 280.000 soldados aptos para o combate, além de outros 600 mil reservistas.
Esta força excepcional para uma nação europeia é completada por um aumento de 40% em seus gastos militares até 2026, uma frota de 55 caças F-18, que planeja substituir por F-35 americanos, 200 tanques e mais de 700 peças de artilharia.
O exército sueco tem cerca de 50 mil soldados. O serviço militar obrigatório, abolido em 2010, foi parcialmente reintroduzido em 2017. E após a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, voltou a investir em defesa. Em 2020, representou 1,2% do PIB, contra 2,6% em 1990.
No entanto, a adesão da Finlândia representaria "centenas de quilômetros adicionais de fronteira a defender, um grande fardo para a Otan", comenta um observador europeu. "A Finlândia e a Suécia (...) são contribuintes líquidos para a segurança transatlântica, mas também europeia", afirma uma fonte diplomática europeia no seio da Aliança, que vê a sua eventual adesão como um sinal da "responsabilidade crescente dos Estados europeus" em termos de defesa.
Além disso, a "Finlândia e a Suécia poderiam trazer seu conhecimento regional para o processo de tomada de decisão da Otan", acrescenta. Mas Helsinque e Estocolmo também têm capacidades militares significativas.
A Finlândia tem apenas 12 mil soldados profissionais em seu exército, mas treina mais de 20 mil recrutas por ano e pode contar com um exército de guerra de 280.000 soldados aptos para o combate, além de outros 600 mil reservistas.
Esta força excepcional para uma nação europeia é completada por um aumento de 40% em seus gastos militares até 2026, uma frota de 55 caças F-18, que planeja substituir por F-35 americanos, 200 tanques e mais de 700 peças de artilharia.
O exército sueco tem cerca de 50 mil soldados. O serviço militar obrigatório, abolido em 2010, foi parcialmente reintroduzido em 2017. E após a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, voltou a investir em defesa. Em 2020, representou 1,2% do PIB, contra 2,6% em 1990.
No entanto, a adesão da Finlândia representaria "centenas de quilômetros adicionais de fronteira a defender, um grande fardo para a Otan", comenta um observador europeu. "A Finlândia e a Suécia (...) são contribuintes líquidos para a segurança transatlântica, mas também europeia", afirma uma fonte diplomática europeia no seio da Aliança, que vê a sua eventual adesão como um sinal da "responsabilidade crescente dos Estados europeus" em termos de defesa.
Redução de conflito
A adesão da Suécia à OTAN reduziria o risco de conflito no norte da Europa - diz um relatório apresentado nesta sexta-feira, 13, antes da decisão a ser tomada por esse país escandinavo, nos próximos dias, sobre um pedido de adesão à Aliança Atlântica.
De acordo com este relatório estratégico, elaborado pelo governo e pelos partidos no Parlamento, “a adesão da Suécia à Otan elevaria o limiar (de deflagração) dos conflitos militares e teria um efeito dissuasivo na Europa do Norte”.
Apesar de a Rússia ameaçar Suécia e Finlândia com "consequências" em caso de adesão à Aliança Transatlântica, o informe considera muito improvável um ataque armado, mas reconhece que não se pode excluir "provocações" e "represálias" russas.
"Nossa opinião é que não sofreríamos um ataque militar convencional como reação a uma eventual candidatura à Otan", afirmou a ministra sueca das Relações Exteriores, Ann Linde, em entrevista coletiva.
O relatório também conclui que, hoje, ao não pertencer à Otan, a Suécia não tem "garantias" de ajuda em caso de agressão.
De acordo com este relatório estratégico, elaborado pelo governo e pelos partidos no Parlamento, “a adesão da Suécia à Otan elevaria o limiar (de deflagração) dos conflitos militares e teria um efeito dissuasivo na Europa do Norte”.
Apesar de a Rússia ameaçar Suécia e Finlândia com "consequências" em caso de adesão à Aliança Transatlântica, o informe considera muito improvável um ataque armado, mas reconhece que não se pode excluir "provocações" e "represálias" russas.
"Nossa opinião é que não sofreríamos um ataque militar convencional como reação a uma eventual candidatura à Otan", afirmou a ministra sueca das Relações Exteriores, Ann Linde, em entrevista coletiva.
O relatório também conclui que, hoje, ao não pertencer à Otan, a Suécia não tem "garantias" de ajuda em caso de agressão.
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