Publicado 26/05/2022 20:00
Texas - As armas de fogo ultrapassaram os acidentes automobilísticos como principal causa da morte de menores nos Estados Unidos, com dados oficiais mostrando um forte aumento do número de assassinatos com armas de fogo, como o massacre ocorrido nesta semana em uma escola do Texas.
Ao todo, 4.368 crianças e adolescentes de até 19 anos morreram por disparos em 2020, uma taxa de 5,4 a cada 100.000, segundo dados do Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Quase dois terços das mortes foram homicídios. Em comparação, houve 4.036 mortes relacionadas a veículos, antes a principal causa de morte nessa faixa etária.
A lacuna vem diminuindo desde que, nas últimas décadas, houve melhoras nas medidas de segurança no trânsito, enquanto as mortes causadas por armas cresceram.
As linhas de tendência se cruzaram em 2020, último ano do qual há dados disponíveis, e os resultados foram analisados em carta à revista 'New England Journal of Medicine' na semana passada.
Os autores da carta advertiram que os novos dados são consistentes com outras evidências de que a violência com armas aumentou durante a pandemia, por razões que ainda não são totalmente claras.
Dados atualizados do CDC mostram que quase 30% das mortes foram suicídios, apenas 3% foram mortes não intencionais e 2% corresponderam a tentativas não esclarecidas. Uma pequena cifra foi categorizada como "intervenção legal" ou legítima defesa.
Em relação às regiões, Washington tem a maior taxa, seguida por Louisiana e Alasca. Os dados destacam que os tiroteios em massa, como o desta semana no Texas, são uma pequena fração do número total de crianças mortas por armas de fogo.
Holden Thorp, editor-chefe da influente revista "Science", publicou hoje um editorial em que pede mais pesquisas sobre o impacto das armas na saúde pública, para, dessa forma, avançar nas mudanças de política.
"Uma pesquisa maior sobre o impacto da posse de armas na saúde pública fornecerá mais evidências de suas consequências mortais", acrescentou Thorp, argumentando que doenças mentais graves, muitas vezes consideradas a causa de tiroteios em massa, são prevalentes em níveis semelhantes em outros países, onde não são registrados massacres frequentes.
Leia mais