Rússia já tinha anunciando que reduziria os ataques contra Kiev e a cidade de Chernihiv (norte)AFP
Publicado 26/06/2022 11:57 | Atualizado 26/06/2022 13:05
Kiev acordou novamente neste domingo (26) sob bombardeios, que deixaram pelo menos um morto e seis feridos, em um bairro que já havia sido atacado nas últimas semanas. A Rússia assumiu que bombardeou a capital ucraniana, mas negou ter atingido uma área residencial.
O país também chamou de "falsos" os relatos de que o ataque atingiu uma área residencial da capital ucraniana. Foi a fábrica de armas Artiom que, "como infraestrutura militar, foi o alvo" do bombardeio, disse o Ministério da Defesa russo em comunicado, explicando que os danos a um prédio residencial vizinho foram causados por um míssil ucraniano.
"As forças russas atacaram alvos civis em Kyiv = falso", insistiu o Ministério da Defesa. O míssil russo "atingiu precisamente as oficinas da fábrica Artiom", acrescentou. O Ministério afirmou que o dano a um prédio residencial vizinho foi causado por um míssil de defesa antiaérea ucraniano. "O dano não foi causado apenas de cima, mas também de baixo, o que confirma a versão da queda" de um míssil de defesa ucraniano, disse ele. Esta afirmação não pôde ser verificada de forma independente.

Segundo as autoridades ucranianas, uma pessoa foi encontrada morta e outras quatro foram hospitalizadas após o bombardeio, que ocorreu de madrugada em um bairro próximo ao centro de Kiev.
Segundo Edouard Chkouta, morador do bairro nobre no noroeste da capital ucraniana, "havia quatro mísseis começando às 06h30 (00h30 de Brasília)". Eles atingiram um prédio "diretamente nos andares superiores e vi pessoas feridas", acrescentou. Um dos mísseis caiu em um parque de brinquedos próximo, aparentemente sem causar vítimas.

A princípio, Klitschko mencionou que o ataque havia deixado quatro feridos. Não deu detalhes sobre o falecido. No entanto, um novo balanço informado pelo prefeito Vitaly Klitschko relatou que "um corpo foi encontrado e seis moradores ficaram feridos, quatro dos quais foram hospitalizados, incluindo uma menina de sete anos". A menina estava "fora de perigo" depois de ser retirada dos escombros e passou por uma cirurgia no hospital, disse ele. Sua mãe, cujo resgate levou várias horas, estava "em estado de gravidade moderada", explicou.

A AFP ajudou no resgate da mãe da menina, que levou várias horas. Ela ficou presa sob um bloco de concreto, de acordo com os socorristas. As autoridades a apresentaram como cidadã da Federação Russa, na casa dos 30 anos.
É a terceira vez desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, que este bairro, não muito distante do centro histórico de Kiev, é alvo de ataques. Foi bombardeado pela primeira vez em meados de março e depois em 28 de abril, quando o secretário-geral da ONU, António Guterres, visitou a capital ucraniana. Um jornalista ucraniano da Radio Liberty foi morto nesse ataque.

O bairro abriga uma fábrica de armas, chamada Artem, fundada no final do século 19, que produz principalmente foguetes ar-ar e antitanque e mísseis de grande calibre, segundo um portal ucraniano especializado. Um porta-voz da força aérea ucraniana disse que os bombardeios foram realizados com mísseis "provavelmente" do tipo "X101", disparados de bombardeiros TU-95 e TU-160 do Mar Cáspio.
'Intimidar' antes da cúpula
Trata-se de "intimidar os ucranianos (...) diante da proximidade da cúpula da OTAN", que acontecerá em Madri de 28 a 30 de junho, declarou Klitschko. Mais tarde, ele pediu aos moradores da capital que permaneçam vigilantes. Muitos habitantes de Kiev ignoram alertas quase diários para procurar abrigo.

O inimigo "tenta nos intimidar, semear pânico e desespero. Vamos permanecer vigilantes! Vamos respeitar as regras básicas de segurança que podem salvar nossas vidas. Assim que você ouvir o sinal de alarme, desça para os abrigos, não negligencie sua segurança ", sublinhou.

Logo após os bombardeios, muitos moradores, incluindo uma mulher de roupão, ficaram em frente aos prédios. Muitos deles choravam, enquanto as equipes de resgate começaram a retirar os vizinhos.

Irena, 32, saiu com seu filho Makar, de 17 meses. "Descemos com nossa mochila de emergência que estava na porta desde o início da guerra porque tivemos que evacuar", disse.

O último ataque russo em junho foi contra uma fábrica nos arredores de Kiev e deixou um ferido. No entanto, as sirenes de alerta aéreo ressoam quase diariamente, incitando os moradores a se abrigarem. As desta manhã de domingo soaram por mais de cinco horas.
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