Onda de calor tem transformado o belo cenário de Paris em 'clubes' a céu abertoAFP
Publicado 03/08/2022 17:01 | Atualizado 03/08/2022 18:34
Paris - França e Espanha enfrentam nesta quarta-feira, 3, a terceira onda de calor desde junho, com uma seca que se acentua em toda a Europa e que obrigou a Holanda a se declarar oficialmente a situação de escassez de água.
"A quarta-feira será o dia mais quente em escala nacional", revelou a agência pública 'Météo-France', que alertou o pico de calor continuará na quinta-feira no leste do país. O Ministério de Transição Ecológica também anunciou que outros dois departamentos sofrem uma crise de seca, Lozère e Alto Reno.
O prefeito da Alta Córsega fez um apelo pelo Twitter para que os cidadãos reduzissem o consumo de água. De acordo com as autoridades, existe o risco da ilha ficar sem distribuição de água durante 25 dias.
Depois de uma pequena trégua no fim de julho, a Espanha entrou novamente em alerta nesta quarta com temperaturas que poderiam superar os 40°C em várias províncias do sul. Na terça, os termômetros marcaram 43,3°C na localidade de Talavera de la Reina, na província de Toledo, no centro do país.
Este episódio "é provavelmente a terceira onda de calor" que deve durar até pelo menos esta quinta, declarou à AFP o porta-voz da Agência Espanhola de Meteorologia (AEMET), Rubén del Campo.
"Não há dúvida de que a mudança climática está por trás", acrescentou.
São esperadas noites tropicais, nas quais as temperaturas não serão inferiores a 20°C, em diversas partes do leste e do sul da Espanha, uma consequência das altas temperaturas no Mediterrâneo, que estão entre 3 e 4°C acima do normal, segundo a AEMET.
Na França, "entre quarta e quinta-feira, as temperaturas máximas serão superiores ou iguais a 35°C, com picos de 39 ou 40°C no sudoeste", segundo a Météo-France, que colocou 26 departamentos em alerta laranja pela onda de calor.
Os longos períodos sem chuva ameaçam certas plantações e levam à imposição de racionamento de água, já que a França é um dos países europeus mais expostos ao risco de seca.
"Vi como queimavam minhas flores de oliveira", lamenta Jean Berneau, de 64 anos, olivicultor de Lagorce, no sudoeste do país, que, após produzir duas toneladas de azeite de suas azeitonas em 2021, não espera produzir mais de 400 litros este ano.
O calor agrava a seca e o mês de julho de 2022 é "o segundo mais seco" na França desde que as medições começaram em 1958-1959, com um déficit de precipitações de aproximadamente 84% em comparação com o normal, segundo a Météo-France.
Todo o continente europeu está sendo afetado pela onda de calor. Este mês de julho foi o mais seco desde 1935 na Inglaterra, que se encontra agora em um estado de "clima seco prolongado", a etapa prévia à seca, que requer medidas de precaução.
Várias companhias de água anunciaram restrições que afetam milhões de pessoas e os produtores de frutas e hortaliças informaram sobre perdas nas colheitas de alface, feijão e bagas. Além disso, há a ameaça permanente de incêndios florestais.
Em 24 de julho, na fronteira entre República Tcheca e Alemanha, houve um grande incêndio florestal no Parque Nacional da Suíça Boêmia, onde o calor bateu recorde (36,4°C). Quase mil hectares já foram afetados.
Na Polônia, o nível dos rios era muito baixo. Em várias regiões foram impostas restrições ao uso de água, especialmente nos jardins.
A seca e a onda de calor são "manifestações do aquecimento global, hoje ninguém" questiona isso, explicou nesta quarta a ministra de Transição Energética da França, Agnès Pannier-Runacher.
"O clima de 2020 pode ser esquecido e o de 2022 talvez seja o mais fresco dos próximos anos", garantiu.
 
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