Fumaça preta de um tanque de óleo em chamas é vista em Matanzas, Cuba, em 6 de agosto de 2022. Aviões com produtos, bombeiros e especialistas do México e da Venezuela chegaram a Cuba para ajudar a apagar o incêndio de dois tanques de óleo, que entra seu terceiro dia com um mortoYAMIL LAGE / AFP
Publicado 07/08/2022 11:07
Uma pessoa morreu, 121 ficaram feridas e 17 estão desaparecidas devido à explosão de dois tanques de combustível na cidade de Matanzas, no oeste de Cuba, onde os bombeiros seguem neste sábado (6) tentando apagar o incêndio.

Luis Wong, diretor provincial de Saúde de Matanzas, disse em coletiva de imprensa que "foi recuperado um corpo no local do acidente" e que ele está sendo identificado por especialistas. Dos 121 feridos, quase todos por queimaduras, 85 já tiveram alta e 36 estão hospitalizados, dos quais cinco estão em estado crítico Além disso, 17 pessoas seguem notificadas como desaparecidas.

Cuba solicitou "ajuda e consultoria a países amigos com experiência na questão do petróleo", informou a presidência. A resposta chegou rápido: "Expressamos profunda gratidão aos governos do México, Venezuela, Rússia, Nicarágua, Argentina e Chile, que prontamente ofereceram ajuda material solidária diante desta complexa situação", disse o presidente Miguel Díaz-Canel no Twitter.

"Também agradecemos a oferta de consultoria técnica por parte dos Estados Unidos", acrescentou. O vice-chanceler Carlos Fernández de Cossío afirmou que a proposta americana "já está nas mãos de especialistas para a devida coordenação".

Díaz-Canel comentou que "a extinção do incêndio ainda pode demorar", enquanto o diretor de Comércio e Abastecimento da estatal Unión Cuba-Petróleo (Cupet), Asbel Leal, disse que o país nunca havia enfrentado um incêndio "da magnitude que temos hoje".

O fogo começou na tarde de sexta-feira quando um raio atingiu um dos tanques do depósito localizado nos arredores de Matanzas, cerca de 100 quilômetros a leste de Havana, às 19h, horário local. Às 5h deste sábado, o fogo atingiu um segundo tonel.

"Saímos correndo"
"Sentimos o estrondo, como uma onda de ar que levava para trás", contou à AFP Laura Martínez, moradora da comunidade de La Ganadera, a cerca de dois quilômetros do local do incidente.

As autoridades de Matanzas indicaram que o número de pessoas evacuadas subiu para 1900. Quando ocorreu a primeira explosão, Yuney Hernández e sua família deixaram sua casa em La Ganadera. Voltaram "por volta das três da manhã" porque as crianças estavam com sono, explicou a mulher de 32 anos à AFP. Mas por volta das 5h eles começaram a ouvir mais explosões e "parecia que pedaços do tanque estavam caindo", acrescentou.

Ginelva Hernández, de 33 anos, mora na mesma comunidade com o marido e três filhos. "Saltamos da cama e quando saímos para a rua o céu estava amarelo", contou ela à AFP. "Está incontrolável o medo das pessoas na rua", disse.

Segundo a Cupet, o primeiro depósito “continha cerca de 26 mil metros cúbicos de petróleo bruto nacional, cerca de 50% da sua capacidade máxima”, quando foi atingido pelo raio. O segundo tanque tinha 52 mil metros cúbicos de óleo combustível.

Falha no para-raios
"Aparentemente houve uma falha no sistema de para-raios, que não suportou a energia da descarga elétrica", indicou o Granma. Danger Ricardo, um soldador de 37 anos que trabalha no local, não sabe explicar como o sistema falhou.

Os dois tanques abastecem a termelétrica Antonio Guiteras, a maior de Cuba, mas o bombeamento para essa usina não parou, acrescentou Granma.

Dois helicópteros começaram a jogar água do mar para apagar o fogo na manhã de sábado, trabalho que foi interrompido à tarde pelo aumento das chamas. Ao final da tarde, com o fogo mais baixo, puderam retomar a ação em frente à baía de Matanzas, uma cidade de 140 mil habitantes.

O incêndio ocorre em meio a dificuldades enfrentadas desde maio na ilha para atender ao aumento da demanda por energia devido ao calor do verão.

A obsolescência de suas oito usinas termelétricas, danos, manutenções programadas e falta de combustível dificultam a geração de energia.

Desde maio, as autoridades programam apagões de até 12 horas por dia em algumas regiões do país. Desde então, houve vinte protestos em cidades do interior da ilha.


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