Publicado 11/08/2022 11:57 | Atualizado 11/08/2022 14:27
O número total de jovens desempregados no mundo deve cair para 73 milhões neste ano, dois milhões a menos que em 2021, segundo um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado nesta quinta-feira, 11. O documento ainda faz o alerta para o desemprego juvenil na América Latina, que continua muito elevado. Em todo o mundo "ainda há seis milhões de jovens desempregados a mais do que antes da pandemia de 2019" e este grupo foi o mais afetado pela crise, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A pandemia agravou os desafios enfrentados pelos jovens dos 15 aos 24 anos no mercado de trabalho, sofrendo desde o início de 2020 uma percentagem de perda de emprego muito superior à dos adultos, afirma o relatório de 300 páginas, intitulado "Tendências Globais do Emprego Juvenil 2022".
Muitos jovens deixaram a população ativa ou nunca entraram neste grupo, devido à dificuldade de encontrar emprego durante os confinamentos ou em razão do fechamento de negócios, por consequência da crise econômica, enfrentada durante a pandemia. A OIT alertou que os jovens sem emprego são "particularmente vulneráveis a 'cicatrizes', o fenômeno pelo qual seu desempenho futuro no mercado de trabalho será pior do que o de seus colegas, mesmo quando as condições macroeconômicas melhorarem".
A crise da covid-19 destacou problemas "na forma como abordamos as necessidades dos jovens, particularmente os mais vulneráveis", comenta Martha Newton, vice-diretora-geral de políticas da OIT. Ela identifica entre esses setores aqueles que, procuram emprego pela primeira vez, abandonam a escola ou recém-formados com pouca experiência. A vice-diretora-geral ainda acrescenta que "a necessidade mais premente dos jovens é ter um mercado de trabalho efetivo, que proporcione oportunidades de emprego decente para os jovens que já fazem parte desse mercado de trabalho e oportunidades de educação e formação de qualidade para aqueles que ainda não foram incorporados a ele".
O relatório revela uma previsão de que 27,4% das mulheres jovens trabalhem em 2022, em comparação com 40,3% dos homens. A diferença de gênero "têm mostrado poucos sinais de redução nas últimas duas décadas", disse a organização, que alertou que há uma grande dispersão entre países ricos, onde a diferença é de 2,3 pontos percentuais, e nações de média e baixa renda, onde atinge 17,3 pontos.
No que diz respeito à América Latina, a OIT destacou que, historicamente, a taxa de desemprego tem sido maior entre as mulheres, embora "a crise exacerbou essa tendência". No mundo, o percentual de jovens "nem nem", que não estudavam e nem trabalhavam em 2020 - último ano para o qual existem estimativas - foi de 23,3%, um aumento de 1,5 ponto em relação a 2019, o que representa um nível sem precedentes em 15 anos.
A taxa global de desemprego juvenil está projetada em 14,9% neste ano e o relatório destaca as grandes diferenças entre as regiões. Na Europa e na Ásia Central, estima-se uma taxa de 16,4%, "mas o choque atual e potencial da guerra na Ucrânia provavelmente afetará os resultados". Nos "países da América Latina, a taxa de desemprego juvenil continua muito alta e deve chegar a 20,5% em 2022", em comparação com 14,9% na região Ásia-Pacífico e 8,3% na América do Norte, que neste relatório inclui apenas o Canadá e o Estados Unidos.
Na África, a taxa de 12,9% "esconde o efeito de que muitos jovens decidiram se retirar do mercado de trabalho". Dentro das regiões, os Estados Árabes sofrem uma aceleração da taxa de desemprego entre os jovens, que chega a 24,8% e no caso das mulheres sobe para 42,5%.
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