Operação do FBI realizou buscas na mansão da Trump na FlóridaAFP
Publicado 11/08/2022 20:10
Washington - O procurador-geral de Justiça dos Estados Unidos, Merrick Garland, disse, nesta quinta-feira, 11, que aprovou pessoalmente as buscas na mansão de Donald Trump. Sem revelar detalhes da operação, que está sob sigilo jurídico, Garland condenou os "ataques infundados" contra o FBI após a ação sem precedentes contra um ex-presidente americano.
Garland, que chefia o Departamento de Justiça, não explicou o motivo da operação, mas enfatizou que existe um "caso provável" e que pediu a um tribunal que tornasse públicos os documentos do caso. De acordo com a imprensa americana, Trump é suspeito de ter subtraído documentos oficiais do governo ao deixar a Casa Branca, a contragosto após não aceitar a derrota nas urnas para Joe Biden.
"Aprovei pessoalmente a decisão de pedir uma ordem de busca e apreensão neste assunto", declarou aos jornalistas. "O Departamento de Justiça não toma uma decisão assim à toa", acrescentou.
As buscas realizadas pelo FBI esta semana na residência de Trump em Mar-a-Lago, Flórida, provocaram uma tempestade política em um país já bastante dividido e acontecem no momento em que Trump cogita uma nova candidatura à Casa Branca.
Nomes de peso do Partido Republicano ofereceram apoio ao ex-presidente, que não estava na mansão quando ocorreu a operação. O ex-vice-presidente de Trump, Mike Pence, um possível adversário em 2024, expressou sua "profunda preocupação" e avaliou que a operação parecia motivada por "partidarismo".
Garland, por sua vez, criticou os "ataques infundados ao profissionalismo dos agentes e promotores do FBI e do Departamento de Justiça", respectivamente.
Desde que deixou o cargo, Trump manteve grande influência sobre o Partido Republicano e continua dizendo, sem apresentar provas, que venceu as eleições presidenciais de 2020.
Trump também condenou a operação do FBI afirmando que a mesma foi politicamente motivada e representa o "uso" do Departamento de Justiça "como arma". "Nada assim jamais ocorreu antes a um presidente dos Estados Unidos", declarou.
Apenas dois dias depois da operação policial, Trump, de 76 anos, foi interrogado durante quatro horas no escritório da procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, que investiga as práticas comerciais das Organizações Trump.
A imprensa americana afirma que Trump invocou o seu direito a não responder preguntas mais de 400 vezes durante o depoimento sobre supostas fraudes nos negócios imobiliários de sua família.
A procuradora-geral de Nova York suspeita que a Organização Trump superestimou o valor de propriedades imobiliárias ao solicitar empréstimos bancários, enquanto subestimava os valores desses mesmos imóveis às autoridades tributárias para pagar menos impostos.
Trump disse que "não tinha outra opção" além de invocar a Quinta Emenda, que permite permanecer em silêncio durante um interrogatório.
"Me recusei a responder às perguntas em virtude dos direitos e prerrogativas outorgadas a todos os cidadãos pela Constituição dos Estados Unidos", informou o ex-presidente em comunicado publicado em sua rede social, Truth Social.
Além disso, o ex-presidente tem outra frente aberta na Justiça por seus esforços para anular os resultados das eleições e pela invasão do Capitólio dos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021, por seus simpatizantes.
Mais de 850 pessoas foram detidas por esse ataque ao Congresso, que começou após um discurso de Trump a seus partidários perto da Casa Branca, no qual ele mentiu ao afirmar que as eleições tinham sido "roubadas".
A Câmara dos Representantes o acusou de responsabilidade pelos distúrbios no Capitólio, por considerar que Trump incitou seus simpatizantes a realizarem uma insurreição, mas, posteriormente, ele acabou sendo absolvido pelo Senado.
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