Publicado 18/08/2022 16:44 | Atualizado 18/08/2022 18:13
A China anunciou nesta quarta-feira, 17, o envio de tropas militares para participar do exercício Vostok, promovido pela Rússia entre os dias 30 deste mês e 5 de setembro. O exercício vai contar com outros países, como Índia, Belarus, Mongólia e Tadjiquistão, e reunirá mais de cem mil soldados no total, e equipamento militar de ponta dos países envolvidos.
O exercício levantou temores devido às tensões atuais entre a China e os Estados Unidos, somadas à guerra na Ucrânia, que opôs a Rússia e o Ocidente.
Segundo o Ministério da Defesa da China, o exercício não tem relação com o cenário geopolítico atual e faz parte de uma cooperação bilateral com os russos. A Rússia havia divulgado o exercício em julho passado, mas sem os países participantes. A quantidade de forças mobilizadas para participar do treinamento segue desconhecido.
A cooperação não é a primeira entre os militares da China e da Rússia - eles estiveram juntos, por exemplo, no exercício Vostok de 2018 - e exercícios militares acontecem regularmente, mas desta vez as atenções para eles são maiores pelo cenário geopolítico atual.
O exercício Vostok faz parte de uma série de exercícios militares da Rússia, realizados em larga escala todos os anos. A série é dividida em quatro treinamentos a partir dos comandos estratégicos do país (Leste, Cáucaso, Central e Ocidental). Cada um dos comandos dá nome a um treinamento. O "Vostok" significa leste.
Esses exercícios são realizados desde o período soviético. Em 2018, o exercício Vostok chamou atenção pelo número de forças mobilizadas - cerca de 300 mil militares, 36 mil veículos terrestres e mil aviões de guerra -. Naquele momento, foi a maior mobilização do país desde o fim da Guerra Fria e também a primeira vez que a China enviou tropas para participar das manobras - num movimento de reaproximação entre os dois países que hoje se mostram cada vez mais parceiros.
No ano passado, a Rússia realizou o exercício Zapad, com mais de 200 mil militares. O Zapad acontece na fronteira ocidental e, em 2021, ocorreu no território de Belarus.
Yang Jin, especialista em assuntos russos da Academia Chinesa de Ciências Sociais, afirmou ao jornal South China Monring Post que o exercício não tem nada a ver com a guerra na Ucrânia e a situação de Taiwan, dizendo que era "uma demonstração de força (militar)" e refletia "a alta do nível das relações bilaterais".
Yang disse que em 2018, a China enviou 3,5 mil soldados, e deve enviar cerca de dez mil desta vez. Mas "é provável que a escala dos próximos exercícios seja reduzida a cerca de cem mil soldados por causa da guerra na Ucrânia", disse Yang.
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