Porto de Felixstowe movimenta 4 milhões de contêineres por anoReprodução
Publicado 21/08/2022 11:13
Uma greve de oito dias começou neste domingo no maior porto de carga do Reino Unido, o mais recente episódio de uma onda de paralisações em vários setores para exigir salários mais altos diante da inflação recorde de 10%.
Após três dias consecutivos de greves que interromperam o transporte, principalmente ferroviário, agora é o porto de Felixstowe que é afetado.
É a primeira greve desde 1989 neste porto no leste da Inglaterra, que movimenta cerca de quatro milhões de contêineres por ano.
Quase 2 mil membros do sindicato Unite, incluindo operadores de guindastes e máquinas, bem como estivadores, deixaram o emprego para exigir salários mais altos, em meio a uma grande crise de poder de compra no Reino Unido.
A inflação atingiu 10,1% ano-a-ano em julho e pode ultrapassar 13% em outubro, o nível mais alto para um país do G7.
Tudo isso causou uma série de paralisações em várias indústrias britânicas. A gigante das telecomunicações BT enfrentará sua primeira greve em décadas, assim como os funcionários da Amazon, o setor de defesa criminal e o setor de coleta de lixo.
Os preços dispararam principalmente devido aos preços do gás, do qual o país é altamente dependente, e que aumentaram devido à guerra na Ucrânia, mas também devido a interrupções nas cadeias de suprimentos e à falta de trabalhadores, como resultado da covid-19 e do Brexit.
De acordo com o sindicato Unite, que convocou a greve em Felixstowe, a paralisação terá um forte impacto no porto, por onde transitam cerca de 2.000 cargueiros anualmente. Também justifica a exigência de salários mais altos pelos altos lucros da empresa.
"Felixstowe é muito lucrativo. Os últimos números mostram que em 2020 teve um lucro de 61 milhões de libras (72 milhões de dólares)", disse a secretária-geral da Unite, Sharon Graham.
"A empresa matriz, CK Hutchison Holding Ltd, é tão rica que no mesmo ano distribuiu 99 milhões de libras aos seus acionistas. Eles podem, portanto, dar aos trabalhadores de Felixstowe um aumento salarial adequado", acrescentou.
A empresa, por sua vez, diz ter proposto um aumento salarial que lhe parece "justo", de 8% em média, e cerca de 10% para os salários mais baixos.
A autoridade portuária disse, por sua vez, que "lamenta o impacto desta ação nas cadeias de distribuição britânicas" e disse que está trabalhando com seus clientes "para limitar a interrupção".
Segundo analistas, a greve de Felixstowe, além das paralisações registradas esta semana nos transportes públicos, no metrô de Londres ou nos correios, constituem um movimento social que pode durar além do verão e se estender às autoridades de educação e saúde, onde os sindicatos classificaram as ofertas de aumentos salariais como "miseráveis".
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