Publicado 27/08/2022 17:03
Confrontos violentos entre grupos armados que apoiam governos rivais da Líbia deixaram pelo menos 13 mortos e 95 feridos neste sábado, 27, na capital Trípoli. O impasse provoca temores de que o caos político possa se transformar em guerra.
Os combates aconteceram em vários bairros e também causaram danos a seis hospitais, de acordo com informações do Ministério da Saúde.
Dois governos disputam o poder desde março: um baseado em Trípoli (oeste) liderado por Abdelhamid Dbeibah desde 2021, e outro liderado por Fathi Bashagha, sediado em Sirte.
O governo sediado em Trípoli culpou os confrontos do lado do Executivo rival, justamente quando "deveriam ser feitas negociações para evitar que sangue fosse derramado na capital", segundo nota.
Tanto a embaixada dos EUA na Líbia quanto a missão da ONU no país do norte da África expressaram "preocupação" com os confrontos recorrentes em bairros de população civil da capital.
O governo de Dbeibah, instalado como parte de um processo de paz liderado pelas Nações Unidas após um ciclo anterior de violência, rivaliza com outro Executivo chefiado pelo ex-ministro do Interior Fathi Bashagha, com sede em Sirte.
No oeste do país, algumas milícias apoiam o governo de Dbeibah e outras apoiam o de Bashagha.
Bashagha considera que o Executivo da capital é "ilegítimo" e desde que foi nomeado líder pelo Parlamento em fevereiro, tentou, sem sucesso, entrar em Trípoli. Recentemente, ele ameaçou recorrer à força.
Ele é apoiado pelo poderoso marechal Khalifa Haftar, líder militar do leste da Líbia, cujas forças tentaram conquistar Trípoli em 2019.
Dbeibah disse que só entregará o poder a um governo eleito e acusou Bashagha de "cumprir suas ameaças" de tomar Trípoli à força.
De acordo com seu Governo de Unidade Nacional (GNU), os combates eclodiram após o fracasso de uma série de negociações para evitar um derramamento de sangue na cidade ocidental, conversas que Bashagha teria "abandonado no último momento".
Bashagha negou que tais conversas tenham ocorrido e acusou a administração "ilegítima" de Dbeibah de "agarrar-se ao poder". Emadeddin Badi, analista do Atlantic Council, alertou que a violência pode aumentar rapidamente.
"A guerra urbana tem sua própria lógica. É prejudicial tanto para a infraestrutura civil quanto para as pessoas, então, mesmo que não seja uma guerra longa, será muito destrutiva, como já vimos", disse à AFP.
Para o especialista, a luta pode fortalecer Haftar e pessoas próximas a ele. "Eles se beneficiarão das divisões no oeste da Líbia e terão uma melhor posição de negociação quando a poeira baixar.
"As tensões entre grupos armados leais ao líderes rivais aumentaram nos últimos meses em Trípoli. Em 22 de julho, os combates causaram 16 mortes, incluindo civis, além de cinquenta feridos.
A Líbia está em crise e repetidos episódios de conflito armado por mais de uma década após a queda do ditador Muammar Gaddafi em uma revolta apoiada pela Otan em 2011.
Desde então, o país teve uma dezena de governos e não conseguiu realizar eleições presidenciais.
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