Publicado 06/09/2022 14:46
Moscou - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, acompanhou nesta terça-feira, 6, no Extremo Oriente do país a parte final dos exercícios militares com a participação de vários países aliados, incluindo a China. A ação ocorre em um momento em que o Krlemin busca uma aproximação com a Ásia para driblar as sanções ocidentais impostas após a invasão à Ucrânia.
Os países ocidentais multiplicaram as restrições desde que Moscou iniciou a ofensiva no país vizinho no dia 24 de fevereiro. Diante de uma série de sanções sem precedentes de Washington e Bruxelas, Putin tem tentado se aproximar de países da África, América do Sul e Ásia, especialmente a China.
Neste contexto, o presidente russo supervisionou nesta terça exercícios militares chamados "Vostok 2002", realizados em vários campos de treinamento no Extremo Oriente da Rússia e em águas ao largo de sua Costa Leste, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a agências de notícias locais.
Putin se encontrou no campo militar de Sergueevsky com o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, e o comandante do Estado-Maior, Valery Guerassimov.
As manobras militares denominadas "Vostok-2022" começaram no dia 1 de setembro e prosseguirão até quarta-feira, 7, com mais de 50 mil soldados e mais de 5 mil peças de equipamento militar, incluindo 140 aviões e 60 navios.
Entre os países participantes estão vários Estados com fronteira com a Rússia, além da Síria, Índia e da aliada crucial China. A Rússia havia organizado exercícios do tipo pela última vez em 2018.
A visita de Putin ao Extremo Oriente continuará na quarta-feira na cidade portuária de Vladivostok, onde ele deve discursar no Fórum Econômico do Leste. Mais de cinco mil pessoas participarão do fórum de quatro dias que começou na segunda-feira com uma grande delegação da China, segundo o Kremlin.
Na sessão plenária do fórum, Putin se encontrou com o parlamentar chinês Li Zhanshu, número três na hierarquia do governo chinês. Li é o principal funcionário do Partido Comunista Chinês a viajar para a Rússia desde a intervenção militar de Moscou na Ucrânia.
Pequim e Moscou se aproximaram nos últimos anos, fortalecendo a cooperação como parte do que chamam de relacionamento "sem limites", no qual se veem como um contrapeso à hegemonia mundial dos Estados Unidos.
Nesse sentido, o grupo energético russo Gazprom anunciou nesta terça-feira que a China começará a pagar seus contratos de entrega de gás em rublos e yuanes, e não mais em dólares.
"O novo mecanismo de pagamento é uma solução mutuamente vantajosa, oportuna, confiável e prática", celebrou em um comunicado o presidente da Gazprom, Alexei Miller, que espera com a medida "um impulso adicional ao desenvolvimento de nossas economias".
"As relações Rússia-China de associação integral e cooperação estratégica estão se desenvolvendo progressivamente", destacou o Kremlin em nota, antes do encontro de Putin com Li.
O Kremlin também citou "a abordagem equilibrada da China à crise na Ucrânia e a 'compreensão' de Pequim das razões da ofensiva russa. A China se recusou a condenar a campanha militar da Rússia na Ucrânia e criticou as sanções ocidentais e a venda de armas para Kiev, que prejudicaram as relações de Pequim com o Ocidente.
As tensões aumentaram durante a visita em agosto da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan, a ilha de governo autônomo que a China considera parte de seu território.
Moscou se solidarizou com Pequim durante a visita de Pelosi, que irritou a China. No fórum econômico, Putin planeja se reunir com o chefe da junta militar de Mianmar, Min Aug Hlaing. Rússia e China foram acusadas de armar a junta birmanesa com armas usadas para atacar civis desde o golpe de Estado do ano passado.
Em Moscou, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, que visitou Mianmar e Camboja em agosto, recebe nesta terça-feira o colega tailandês, Don Pramudwinai.
Posteriormente, a reunião de cúpula da Organização de Cooperação de Xangai, prevista para 15 e 16 de setembro no Uzbequistão, pode ser uma nova oportunidade para o fortalecimento dos vínculos entre Rússia e China.
No evento pode acontecer uma reunião presencial entre Putin e o presidente chinês, Xi Jinping, que não sai da China desde 2020 devido à pandemia de coronavírus.
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