Publicado 07/09/2022 12:32 | Atualizado 07/09/2022 12:33
A Rússia retomou bombardeios perto da usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, segundo relatório do governador ucraniano Valentyn Reznichenko divulgado nesta quarta-feira. A cidade de Nikopol, na margem oposta do rio Dnieper onde fica a usina, a maior da Europa, foi alvejada com mísseis e artilharia pesada, de acordo com o documento, que não pôde ser verificado de forma independente.
"Há incêndios, apagões e outras coisas (na fábrica) que nos obrigam a preparar a população local para as consequências do perigo nuclear", disse Reznichenko.
Nos últimos dias, as autoridades distribuíram pílulas de iodo para residentes a fim de protegê-los em caso de vazamento de radiação.
Na terça-feira, o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da Organização das Nações Unidas (ONU), Rafael Grossi, alertou o Conselho de Segurança da ONU que "algo muito, muito catastrófico poderia ocorrer" em Zaporizhzhia.
A AIEA instou a Rússia e a Ucrânia a estabelecerem uma "zona de segurança nuclear" em torno da planta, mas autoridades dos dois países não se comprometeram imediatamente com a medida, alegando que são necessários mais detalhes da proposta. Há temor, na comunidade internacional, que os combates desencadeiem um desastre em escala semelhante ao de Chernobyl, também na Ucrânia, em 1986.
Em virtude dos danos causados pelos combates na região, a usina está gerando eletricidade apenas para alimentar seus sistemas de segurança. A planta normalmente depende de energia externa para operar os sistemas que mantêm resfriados os núcleos do reator e evitam que eles derretam. Qualquer interrupção adicional de energia pode forçar a usina a usar diesel de reserva de geradores, mas isso implicaria trazer quatro caminhões a diesel por dia em meio aos combates, conforme o inspetor-chefe interino de segurança nuclear da Ucrânia, Oleh Korikov.
"Podemos chegar a uma situação em que ficaremos sem diesel. E isso pode levar a um acidente com danos à zona ativa dos reatores e, consequentemente, à liberação de produtos radioativos no ambiente", afirmou. Autoridades do país podem considerar fechar a fábrica, disse Korikov, sem oferecer detalhes de como isso se daria.
A empresa que opera a usina, Energoatom, informou que apesar do bombardeio, a equipe ucraniana que ainda trabalha na planta ocupada pelos russos tentará nos próximos dias restabelecer o fornecimento de energia por meio de ao menos uma das sete linhas externas.
O presidente russo, Vladimir, Putin desafiou a pressão para interromper a guerra, dizendo que Moscou seguirá em frente com sua ofensiva na Ucrânia até atingir seus objetivos. Ele zombou das tentativas ocidentais de parar a Rússia com sanções.
Na manhã desta quarta-feira, a cidade ucraniana oriental de Sloviansk ficou sob fogo russo. Uma escola e outro prédio foram danificados, segundo o chefe da administração da cidade, Vadym Lyakh.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.