Período decretado pelo governo termina nesta terça-feira, 20Jamie Williamson/AFP
Publicado 20/09/2022 11:33 | Atualizado 20/09/2022 11:52
Londres - Após 12 dias de homenagens à Elizabeth II, o Reino Unido retoma o ritmo normal nesta terça-feira, 20, com o fim do luto nacional e o retorno à realidade de um país em crise e uma monarquia em mudança. As bandeiras nos prédios oficiais, que estavam a meio mastro desde a morte da rainha, no dia 8 de setembro, aos 96 anos, em sua residência escocesa de Balmoral, voltaram a ser hasteadas no topo. A família real britânica permanecerá de luto por mais sete dias, mas o período decretado pelo governo terminou nesta terça-feira.
Durante quase duas semanas, Londres e a capital escocesa, Edimburgo, foram cenários de grandes cerimônias: da proclamação do novo rei Charles III até a procissão fúnebre solene que levou a monarca até sua morada final em Windsor, onde foi sepultada ao lado dos pais e do marido. Os rituais tradicionais e os coloridos uniformes medievais levaram o país, e o mundo diante das telas, a um período quase irreal. 
Londres iniciou uma gigantesca operação de limpeza após o "funeral do século", celebrado na Abadia de Westminster e que reuniu quase um milhão de pessoas nas ruas, de acordo com as estimativas da polícia. Dados provisórios indicam que mais de 250.000 pessoas passaram pelo Parlamento, afirmou a ministra da Cultura, Michelle Donelan, a Sky News, em referência à capela ardente instalada durante cinco dias em Westminster Hall, que registrou cenas de emoção e filas quilométricas de acesso.
Após o fim do luto nacional, o Executivo também retoma as atividades. A primeira-ministra Liz Truss, designada por Elizabeth II apenas dois dias antes de sua morte, viajou a Nova York na noite desta segunda-feira, 19, para participar na Assembleia Geral da ONU, onde reafirmará o apoio total do governo britânico à Ucrânia, invadida pela Rússia. "A segurança de vocês é a nossa segurança", disse aos ucranianos em um comunicado, comprometendo-se a igualar ou superar em 2023 a quantia de 2,3 milhões de libras (2,6 milhões de dólares) em ajuda militar prometida a Kiev este ano.
A nova líder conservadora também terá que buscar soluções para a grave crise do custo de vida no Reino Unido. O ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, apresentará na sexta-feira um plano econômico para combater as consequências de uma inflação de 9,9%, provocada em grande parte pelos preços da energia.
Um bilhete curto entregue enquanto discursava no Parlamento em 8 de setembro informou Truss sobre a saúde da rainha. Ela interrompeu a sessão e saiu, minutos depois de anunciar o congelamento dos preços do gás e da energia elétrica por dois anos, um plano que não teve o custo revelado.
A emoção popular com a morte da monarca após 70 anos de reinado provocou uma pausa no descontentamento social, que deve retornar nos próximos dias. Uma greve de maquinistas, adiada após a morte de Elizabeth II, será retomada na próxima semana, ameaçando mergulhar o país no caos de 1 a 5 de outubro.
Além disso, muitos já questionam o custo do grandioso funeral de Estado que reuniu em Londres centenas de líderes mundiais, do presidente americano Joe Biden ao imperador Naruhito do Japão, e de outras homenagens. "Foi um dinheiro bem gasto", se limitou a declarar Donelan, sem revelar um valor.
Com a chegada ao trono de Charles III, de 73 anos, menos popular que sua mãe, porém determinado a modernizar a monarquia, mudanças devem acontecer na instituição e em suas finanças. Há alguns meses, havia anunciado a intenção de limitar atividades a ele, sua esposa e os príncipes de Gales - William e Catherine junto com seus três filhos pequenos - em uma família real atualmente muito grande, que multiplica gastos e escândalos.
Ainda sem data para acontecer, estas e outras modernizações pretendem reconquistar algumas pessoas em um país complexo, formado por quatro nações, com três delas - Escócia, Irlanda do Norte e Gales - registrando pedidos de independência após a morte de Elizabeth II.
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