Publicado 04/10/2022 16:11
São Francisco - Após uma série de ameaças de retirar a proposta de US$ 44 bilhões, cerca de R$ 226 bilhões na cotação atual, para comprar o Twitter, o magnata Elon Musk mudou de ideia e propôs na segunda-feira, 3, sacramentar o negócio pelo preço acordado em abril. O movimento ocorre duas semanas antes do início de um julgamento entre as duas partes.
O impasse gerou um prejuízo bilionário à empresa, que não conseguiu conter a desvalorização das ações na Bolsa de Valores de Nova York. As negociações das ações do Twitter foram suspensas em Wall Street à espera de informações das partes, depois que a Bloomberg divulgou nesta terça, 4, o possível acordo de compra da rede social por parte de Musk.
As operações ficaram congeladas por cinco minutos primeiro e o valor das ações disparou até 18% antes de uma nova suspensão. Segundo a Bloomberg, Musk enviou uma carta ao Twitter na segunda-feira propondo a compra da plataforma por US$ 54,20 por ação, cerca de R$ 278, preço acordado inicialmente com o conselho da empresa.
Segundo a rede CNBC, o acordo pode ser concluído entre sexta e segunda-feira. As duas partes assinaram um contrato no fim de abril, mas Musk quis, unilateralmente, deixar o pacto em julho. A rede social abriu um processo para forçá-lo a honrar seu compromisso, e parecia que tinha chances de vencer na Justiça.
"É um sinal claro de que Musk reconhece que suas chances de vencer o conselho (do Twitter) em um tribunal de Delaware são muito pequenas, e que a compra por US$ 44 bilhões acontecerá de uma forma ou de outra", disse o analista Dan Ives, da Wedbush Securities.
Musk bombardeou o Twitter com críticas antes e depois da assinatura do acordo, acusando a rede de censurar usuários e de não combater suficientemente spams e contas falsas. O bilionário fundador da Tesla justificou sua decisão de desistir do negócio de compra afirmando que a proporção de contas automatizadas na rede social era muito superior aos 5% que a empresa havia declarado.
Após solicitação do Twitter, a presidente do tribunal especializado de Delaware concordou em acelerar o processo, enquanto Musk queria esperar até 2023 e solicitou uma quantidade astronômica de dados. Se confirmado, o julgamento será realizado de 17 a 21 de outubro.
Musk pareceu ter ganhado terreno em sua causa quando Peiter Zatko, ex-chefe de segurança do Twitter, demitido em janeiro, acusou o grupo de grandes falhas de segurança no final de agosto em um relatório enviado às autoridades americanas.
Mas durante as audiências preliminares com a juíza, seus advogados pareceram ter dificuldades em sustentar as acusações sobre contas falsas. Um dos advogados do Twitter apresentou dois relatórios de empresas de análise de dados contratadas pelo empresário, Cyabra e CounterAction, que avaliaram o número de contas falsas em uma faixa de 11% para a primeira e 5,3% para a segunda.
"Nenhum dos relatórios chega nem perto de confirmar o que Musk disse ao Twitter e ao mundo inteiro em sua carta de 8 de julho", disse o advogado Brad Wilson durante uma audiência.
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