Morte de Mahsa Amini tem gerado uma série de protestos em países como Estados Unidos, Itália e CanadáAFP
Publicado 07/10/2022 12:24 | Atualizado 07/10/2022 12:28
Teerã - A morte da jovem Mahsa Amini, de 22, durante sua detenção no Irã pela polícia da moral do Irã, está relacionada a uma doença cerebral e não foi causada por uma sessão de "espancamento", de acordo com um relatório médico divulgado pela República Islâmica nesta sexta-feira, 7.
Mahsa Amini, uma mulher curda iraniana, presa em 13 de setembro pela polícia moral de Teerã por não respeitar o código de vestimenta rígido para mulheres no país, morreu três dias depois no hospital. Ativistas afirmam que ela sofreu um ferimento na cabeça durante sua prisão. As autoridades iranianas negam qualquer contato físico entre a polícia e a jovem e aguardam os resultados da investigação.
Sua morte desencadeou protestos no país e movimentos de solidariedade em todo o mundo. As manifestações, as mais importantes no Irã desde as de 2019 contra o aumento do preço da gasolina, foram reprimidas com violência.
Ao menos 92 pessoas morreram desde 16 de setembro, de acordo com um último relatório da ONG Iran Human Rights, com sede em Oslo, enquanto um relatório do governo informa cerca de 60 mortos, incluindo 12 membros das forças de segurança.
A Organização Forense Iraniana informou que "a morte de Mahsa Amini não foi causada por pancadas na cabeça e órgãos vitais", mas por "intervenção cirúrgica devido a um tumor cerebral aos 8 anos", segundo o relatório.
O pai da menina, Amjad Amini, porém, afirmou que sua filha estava "em perfeita saúde".
"Em 13 de setembro, (Mahsa Amini) de repente perdeu a consciência e desmaiou. Ela sofria de um distúrbio do ritmo cardíaco e uma queda na pressão arterial", acrescentou o relatório publicado pela televisão estatal.
"Apesar de sua transferência para o hospital e dos esforços da equipe médica, ela morreu em 16 de setembro devido à falência múltipla de órgãos causada por hipóxia cerebral, segundo a mesma fonte.
O protesto no Irã ganha novas formas com piscinas tingidas de vermelho por artistas em referência à sangrenta repressão às manifestações, denunciadas e sancionadas pela comunidade internacional. Na quinta-feira, os Estados Unidos anunciaram sanções econômicas contra sete altos funcionários iranianos por seu papel na repressão.
O ministro do Interior Ahmad Vahidi, "instrumento-chave do regime na repressão", e o ministro das Comunicações Issa Zarépour, "responsável pela vergonhosa tentativa de bloquear a Internet", estão entre os sancionados, segundo um comunicado do Departamento do Tesouro.
Os Estados Unidos já haviam anunciado em 22 de setembro uma salva de sanções contra a polícia da moral iraniana e vários funcionários de segurança. O rígido código de vestimenta da República Islâmica do Irã obriga as mulheres a usar o véu islâmico. São elas que estão à frente dos protestos no Irã, de acordo com vídeos postados online.
Nos últimos dias, algumas estudantes organizaram manifestações em várias regiões durante as quais retiram seus véus ou gritam palavras de ordem hostis ao governo.
Em um vídeo verificado pela AFP, mulheres jovens, com a cabeça descoberta, gritam "Morte ao ditador", referindo-se ao líder supremo Ali Khamenei, em uma escola em Karaj, a oeste de Teerã, na segunda-feira.
O procurador-geral do Irã, Mohamad Jafar Montazeri, reconheceu a participação de jovens mulheres nos protestos e denunciou a influência das redes sociais.
Na quinta-feira, a Justiça iraniana negou que uma menina de 16 anos, Sarina Ismailzadeh, tenha sido morta na província de Alborz (noroeste) por forças de segurança durante os protestos, afirmando que ela "cometeu suicídio pulando de um prédio".
Em 30 de setembro, a Anistia Internacional afirmou que a jovem "morreu após receber fortes golpes na cabeça" em 23 de setembro.
Na quarta-feira, a Justiça iraniana rejeitou qualquer ligação entre a morte de outra menina de 16 anos, Nika Shakarami, e as manifestações no Irã.
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