Publicado 21/10/2022 18:06
Roma - Líder do partido de extrema-direita Fratelli d'Itália, vencedor das eleições legislativas da Itália, Giorgia Meloni foi designada nesta sexta-feira, 21, primeira-ministra do país. Aos 45 anos, ela se torna a primeira mulher à frente do Executivo da terceira maior economia da União Europeia (UE) e país-membro da Otan. Sua chegada ao poder acontece um século depois da de Benito Mussolini.
O presidente Sergio Mattarella confiou a Meloni a tarefa de formar o governo e seu primeiro anúncio foi designar como ministro da Economia Giancarlo Giorgetti, considerado um nome moderado e pró-UE do partido de extrema direita Liga, de Matteo Salvini.
Giorgetti deverá coordenar com os demais países da UE a resposta a uma conjuntura difícil, acentuada pela crise energética e a inflação. Apesar de sua reputação como eurocética, Meloni também indicou para o Ministério das Relações Exteriores um defensor convicto do multilateralismo europeu, o ex-presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani.
A tarefa de Meloni, no entanto, não será fácil, pois ela terá que manter a unidade em uma coalizão que já apresenta fissuras. Salvini e o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi rejeitam a autoridade dela, cujo partido pós-fascista obteve 26% dos votos nas eleições de 25 de setembro, enquanto o Força Itália (Forza Italia) de Berlusconi conseguiu 8%, e a Liga de Salvini, 9%.
A imprensa italiana fez eco dos múltiplos questionamentos entre os três líderes partidários sobre a distribuição de cargos. Meloni é favorável à Otan e à Ucrânia na guerra que esse país trava contra a invasão russa. Uma postura que contrasta com a de Berlusconi, que louvou esta semana o fato de ter "retomado" seus contatos com o presidente russo, Vladimir Putin, e responsabilizou a Ucrânia pela guerra.
Na quarta-feira, Meloni se sentiu obrigada a esclarecer que a Itália "participa plenamente e de cabeça erguida" da UE e a Otan. Por outro lado, Meloni tem tentado minimizar os temores que sua chegada ao poder provoca em relação às questões sociais.
Uma oradora talentosa, cristã conservadora, hostil aos direitos LGBTQIA+ e que tem como lema "Deus, pátria e família", prometeu que não mexerá na lei que autoriza o aborto. Contudo, a crise econômica será um tema inevitável. A inflação na Itália alcançou 8,9% interanual em setembro e o país corre o risco de entrar em recessão técnica no próximo ano, assim como a Alemanha.
A margem de manobra é limitada por sua dívida pública colossal, que representa 150% do Produto Interior Bruto (PIB), o índice mais elevado da zona do euro depois da Grécia. Meloni rejeitou apoiar uma saída do euro, mas prometeu defender os interesses de seu país em Bruxelas.
O crescimento italiano dependerá também dos cerca de 200 bilhões de euros em subsídios e empréstimos acordados pela UE no contexto de seu fundo de reativação pós-pandemia.
Leia mais