Emmanuel Macron e Olaf ScholzLudovic MARIN / AFP
Publicado 26/10/2022 14:37
O presidente francês, Emmanuel Macron, e o chefe de Governo alemão, Olaf Scholz, expressaram nesta quarta-feira (26) sua vontade de impulsionar a relação bilateral, após divergências em matéria de energia e defesa, com a guerra na Ucrânia como pano de fundo.
França e Alemanha continuam "muito próximas" e "superarão os desafios juntas", tuitou o chanceler após o encontro no Eliseu, elogiando uma "uma discussão muito boa e importante sobre o abastecimento de energia europeu, o aumento dos preços e projetos de armas comuns".
Emmanuel Macron e Olaf Scholz esperam "avançar em uma agenda conjunta de soberania, reindustrialização e descarbonização da Europa", disse o Eliseu em nota.
Os líderes reafirmaram seu compromisso com o princípio da solidariedade europeia na questão energética, de acordo com a Presidência francesa. Um assessor presidencial acrescentou que serão criados "grupos de trabalho" para colaborar "estreitamente" em vista das próximas etapas".
Ambos os líderes conversaram por mais de três horas, metade delas sozinhos. No entanto, apesar de trocarem sorrisos na chegada de Scholz, não deram uma coletiva de imprensa conjunta ao final da reunião, como estava previsto. A profundidade das diferenças foi revelada pelo recente adiamento de uma reunião regular do conselho franco-alemão, que teria sido a primeira de Scholz como chanceler.
A invasão da Ucrânia pela Rússia - menos de três meses após Scholz assumir o cargo em dezembro passado - fez com que os dois países tomassem decisões sob a pressão da guerra e seus efeitos.
A decisão de Berlim de gastar até 200 bilhões de dólares para subsidiar o preço do gás e sua recusa em considerar um teto para o preço da energia em toda a UE aborreceu Paris e outras capitais europeias, que temem o efeito em seus custos energéticos.
Além disso, a França vê os compromissos de cooperação em aquisições de defesa vacilarem, devido aos planos da Alemanha de criar um escudo antimísseis compartilhado com outros países da Otan com equipamentos dos Estados Unidos.
Muitos observadores sugerem que as disputas são inerentes ao relacionamento entre duas grandes nações com interesses muitas vezes divergentes.
"A verdade é que é um casamento de conveniência" entre França e Alemanha, disse uma fonte diplomática francesa. "Não é uma crise subjacente, é a base do relacionamento", acrescentou.
"Macron e (a ex-chanceler Angela) Merkel costumavam trocar mensagens de texto todos os dias. Acho que (Macron e Scholz) não conversam todos os dias", disse a fonte diplomática.
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