Publicado 27/10/2022 17:22
O Canadá anunciou, nesta quinta-feira (27), que estava realizando uma missão de avaliação no Haiti, enquanto o secretário de Estado americano, Antony Blinken, chegou a Ottawa para discutir o estabelecimento de uma força de intervenção no conturbado país caribenho.
A delegação canadense deve avaliar as opções "para apoiar o povo haitiano na resolução das crises humanitárias e de segurança" que o Haiti enfrenta e "restaurar o acesso aos bens e serviços essenciais", em consulta com os parceiros regionais das Nações Unidas, a Comunidade do Caribe (CARICOM) e outros, segundo um comunicado do governo canadense.
A missão acontece após apelos do governo do Haiti e do secretário-geral da ONU, António Guterres, para uma intervenção internacional no momento em que gangues armadas travam guerras territoriais em grandes áreas do país e um surto de cólera se agrava.
Mas a ideia de uma força de intervenção gera ceticismo em parte da população haitiana e no Conselho de Segurança da ONU, que na semana passada aprovou por unanimidade uma resolução contra líderes de gangues, mas sem se referir a uma força multinacional.
Além disso, nenhum país se ofereceu para comandar uma missão do tipo. Os Estados Unidos afirmaram que irão apoiar caso exista uma, mas sem assumir a liderança.
Otimismo
Antes da chegada de Blinken, um alto funcionário americano expressou a esperança de que se avance em uma intervenção internacional no Haiti e rechaçou a visão pessimista de que nenhum país assumirá a liderança.
O subsecretário de Estado para as Américas, Brian Nichols, disse na quarta-feira estar "otimista" sobre a possibilidade de montar essa força no âmbito da ONU e considerou o início de novembro como uma data possível para ser implantada.
"Penso que as coisas progridem normalmente", disse a jornalistas, mencionando que poderia se tratar de "uma força policial com elementos militares".
Nichols disse, ainda, que uma "quantidade de países" tem a capacidade de liderar uma missão, inclusive o Canadá, mas que uma decisão não havia sido tomada.
"Falei com dezenas de países parceiros em todo o mundo sobre a situação no Haiti e existe um forte apoio para uma força multinacional", acrescentou.
Reforçar a polícia
Blinken disse, antes de sua viagem, que resolver os problemas do Haiti seria "difícil, se não impossível" sem restaurar a segurança.
"Precisamos quebrar a ligação, muito prejudicial, entre as gangues e certas elites políticas que as financiam, as dirigem e as usam para promover seus próprios interesses e não os interesses do país", disse ele em um evento na quarta-feira.
O secretário de Estado relembrou a entrega de equipamentos, como veículos blindados, por Estados Unidos e Canadá em meados de outubro.
"Se formos capazes de ajudar a romper isso e reforçar a polícia nacional do Haiti, então penso que o governo pode controlar a segurança", afirmou.
A ministra das Relações Exteriores do Canadá, Melanie Joly, afirmou que qualquer ação deve "levar em consideração o que pensam os próprios haitianos".
Joly disse que o Canadá tentará impor sanções aos líderes das gangues, em linha com a resolução do Conselho de Segurança na semana passada, que congelou durante um ano todos os ativos vinculados a Jimmy Cherizier, apelidado de "Barbacoa" (churrasco), cujos grupos armados bloquearam o principal terminal petroleiro do Haiti.
Blinken irá se reunir com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, e visitar um centro de refugiados ucranianos em Ottawa. Na sexta-feira (28), viajará para Montreal, onde visitará uma fábrica de reciclagem de lítio.
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