Publicado 01/11/2022 13:15
Kiev - O fornecimento de água e energia elétrica foi restabelecido na região de Kiev, um dia após novos ataques russos que provocaram cortes em larga escala no abastecimento, anunciou nesta terça-feira, 1º, o prefeito da capital da Ucrânia, Vitali Klitschko.
A nova série de bombardeios contra infraestruturas ucranianas deixou 80% dos moradores da cidade sem água e 350 mil residências sem energia elétrica. A Rússia intensificou os ataques contra os sistemas de água e energia elétrica das cidades ucranianas, o que levou as autoridades a adotar restrições em algumas regiões diante do temor de um inverno rigoroso para os ucranianos.
Neste sentido, Klitschko informou que a cidade prosseguirá com alguns cortes de luz programados "devido ao considerável déficit no sistema elétrico depois dos ataques selvagens do agressor". O exército da Ucrânia informou que a Rússia lançou 55 mísseis de cruzeiro e dezenas de projéteis contra várias regiões do país na segunda-feira.
O conselheiro da presidência, Oleksii Arestovich, classificou o ataque como "um dos maiores bombardeios contra nosso território executado pelo exército da Federação da Rússia". Mas ele destacou que, graças ao avanço das defesas aéreas, incluindo a ajuda recebida do Ocidente, "a destruição não foi tão crítica como poderia ter sido".
O exército russo afirmou que os bombardeios "perturbaram consideravelmente a gestão e a logística das Forças Armadas ucranianas". A Ucrânia afirma que os bombardeios russos no último mês destruíram quase um terço de suas centrais de energia elétrica e pediu à população para economizar eletricidade na medida do possível.
As autoridades pró-Rússia de Kherson, sul da Ucrânia, anunciaram nesta terça-feira que começaram a realocar milhares de pessoas adicionais devido ao avanço da contraofensiva das forças de Kiev.
"Vamos reassentar e transferir até 70.000 pessoas" que estão atualmente em uma faixa de 15 quilômetros de profundidade na margem esquerda do rio Dnipro, afirmou o governador de Kherson designado por Moscou, Vladimir Saldo, ao programa de rádio russo Solovyov Live.
Na semana passada, as forças de ocupação russas anunciaram que outros 70 mil civis deixaram suas casas, localizadas na margem direita do rio e perto da linha de frente. Saldo explicou que as novas retiradas foram decididas diante do risco de um "possível ataque com mísseis" contra uma represa sobre o rio e cuja destruição provocaria a "inundação da margem esquerda".
"Já começamos as novas retiradas e as pessoas deslocadas serão levadas para outras partes da região de Kherson ou para outras regiões da Rússia", declarou Saldo.
Na segunda-feira à noite, Saldo afirmou que a retirada desta faixa de território também permitirá ao exército russo aplicar uma "defesa profunda para responder ao ataque ucraniano", antecipando que as forças de Kiev devem atravessar o Dnipro.
A Ucrânia denuncia as retiradas como uma "deportação" dos habitantes de Kherson. Em outras frentes de batalha, a presidência ucraniana relatou ataques russos com drones nas regiões de Poltava e Dnipro, no centro do país, e com mísseis em outras zonas.
Em Bakhmut, um dos pontos mais complexos na frente de batalha no leste ucraniano, correspondentes da AFP ouviram tiros de artilharia durante os combates, iniciados há vários meses na localidade.
"É a guerra total. Total porque utilizamos tudo", declarou um sargento identificado como "Petroja". Ele disse que tal intensidade não era observada desde a Segunda Guerra Mundial.
Na área diplomática, Turquia e ONU prosseguem com os esforços para que a Rússia volte a integrar o acordo para a exportação de cereais ucranianos pelo Mar Negro. A Rússia anunciou no fim de semana a suspensão de sua participação no acordo para a exportação de grãos ucranianos pelo Mar Negro e advertiu na segunda-feira sobre o "perigo" de manter as rotas neste corredor sem a aprovação de Moscou.
Nesta terça-feira, a Rússia acusou o Reino Unido "dirigir e coordenar" as explosões de setembro que provocaram vazamentos nos gasodutos Nord Stream 1 e 2 no Mar Báltico, o que Londres negou.
Três navios carregados com cereais zarparam nesta terça-feira de portos ucranianos e navegam para o corredor humanitário no Mar Negro, anunciou o centro de coordenação que supervisiona a implementação do acordo, com sede em Istambul.
A Turquia informou que o presidente Recep Tayyip Erdogan conversará nos próximos dias com os colegas da Rússia e Ucrânia para tentar restaurar o acordo.
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