Publicado 02/11/2022 18:21
O Tribunal Criminal de Paris condenou nesta quarta-feira(2) o ex-comandante rebelde Kunti Kamara à prisão perpétua por atos bárbaros durante a primeira guerra civil da Libéria e cumplicidade em crimes contra a humanidade ao facilitar estupros.
Após um julgamento sem precedentes na França, o réu de 47 anos foi considerado culpado de uma série de abusos contra civis em 1993 e 1994, incluindo a tortura a um professor, cujo coração ele supostamente teria comido.
Ele também foi considerado culpado por ter permanecido passivo diante dos repetidos estupros de dois adolescentes por soldados sob seu comando. Durante a leitura da sentença, que atendeu ao pedido da promotoria, Kamara permaneceu impassível.
A defesa havia pedido a absolvição, denunciando "lacunas" em um arquivo baseado em depoimentos antigos.
Preso na região de Paris em setembro de 2018, Kamara apareceu sob a "jurisdição universal" exercida, sob certas condições, pela França para julgar os crimes mais graves cometidos fora de seu território. Esta é a primeira vez que este mecanismo é usado para processar atos cometidos em um país diferente de Ruanda.
Durante as três semanas de julgamento, testemunhas descreveram uma longa lista de atrocidades: pessoas mortas ao serem forçadas a engolir água fervente, o comércio de carne humana, entre outras.
Durante a primeira guerra civil liberiana (1989-1997), Kunti Kamara juntou-se ao Movimento de Libertação Unida pela Democracia (Ulimo), que lutou contra a milícia do temido Charles Taylor e espalhou o terror no distrito de Foya.
Kamara, que obteve asilo político na Holanda mentindo sobre seu passado, foi preso em setembro de 2018 em Bobigny, subúrbio parisiense, após denúncia da ONG Civitas Maxima, que luta contra a impunidade.
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