Turistas detidos na AmazoniaAngela RAMIREZ / AFP
Publicado 04/11/2022 17:42
A Defensoria do Povo do Peru anunciou nesta sexta-feira (4) que chegou a um acordo para a libertação de um grupo de turistas estrangeiros e peruanos. Eles foram retidos por indígenas da Amazônia que protestavam contra a falta de ajuda governamental, após um vazamento de petróleo na região.
"Após um diálogo com (o líder indígena) Apu de comunidades de Cuninico, nosso pedido foi aceito para a libertação das pessoas que permaneciam em embarcações retidas em protesto pela contaminação, após o vazamento de petróleo no rio Maranhão", indicou a Defensoria em uma mensagem no Twitter.
O número total de pessoas retidas ainda é incerto. Uma passageira afirmou que poderia chegar a 150, mais que o dobro dos 70 informados na quinta-feira pelo líder Cuninico, Watson Trujillo. A Defensoria não informou o número.
O grupo, que inclui pelo menos vinte cidadãos dos Estados Unidos, Espanha, França, Reino Unido e Suíça, está detido desde as 10h00 locais (12h00 de Brasília) de quinta-feira e está ficando sem suprimentos, disse à AFP Angela Ramírez, que encontra-se a bordo entre os turistas.
Ramírez detalhou que está com 10 americanos que viajaram para a Amazônia para uma excursão de ciclismo de aventura.
"Emocionalmente, tem de tudo. Muita ansiedade, muito cansaço, ontem estava mais frio, hoje está bastante ensolarado, mas estamos na embarcação e isso nos protege bastante", descreveu Ramírez, que também é ciclista.
Ela explicou que alguns membros da comunidade de Cuninico que não concordam com as detenções ajudaram os turistas com dois galões de água.
"Temos essa água, mas não sabemos o que acontecerá se não conseguirmos ir embora hoje. Tem um bebê de um mês e meio que precisa ser amamentado, e sua mãe precisa comer bem", completou a atleta peruana.
"Vamos dar as facilidades hoje para que essas pessoas possam voltar aos seus lugares de origem", disse por sua vez o líder nativo Cuninico nesta sexta-feira à emissora estatal TV Perú, sem dar mais detalhes.
O líder indicou que a "medida radical" foi tomada para que o governo enviasse uma delegação para constatar o dano ambiental sofrido pela região após o vazamento de cerca de 2.500 barris de petróleo no rio Cuninico, em 16 de setembro.
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