Desinformação generalizada marca eleições de meio de mandato nos EUA, aponta OSCEMARIO TAMA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
Publicado 09/11/2022 20:59
As eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, denominadas 'midterms', foram cenário de campanhas livres, mas muito polarizadas e de uma desinformação muito estendida, afirmaram nesta quarta-feira (9) observadores internacionais.
Os comentários dos observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), que supervisiona as eleições em países ocidentais e do antigo bloco soviético, ocorreram um dia depois de os americanos irem às urnas, com resultados que vão selar o destino político do presidente Joe Biden.
Os democratas de Biden travam uma batalha para manter o controle do Congresso, após uma disputa que ele qualificou como um momento decisivo para a democracia americana. Por enquanto, os republicanos se aproximam de uma estreita maioria na Câmara de Representantes (baixa), mas suas expectativas de uma "onda vermelha" parecem ter se dissipado.
"A campanha foi livre, mas muito polarizada e incluiu uma retórica dura", disse Margareta Cederfelt, chefe da missão de observadores de curto prazo da Assembleia Parlamentar da OSCE.
"A polarização e a desinformação generalizada afetaram a capacidade dos eleitores para se informar", declarou a jornalistas nesta quarta-feira, acrescentando que a intimidação dos trabalhadores nas eleições também era preocupante.
Durante a campanha, evidenciou-se uma enxurrada de desinformação, com os candidatos republicanos de extrema direita ao apoiarem alegações infundadas do ex-presidente Donald Trump de fraude nas eleições presidenciais de 2020, nas quais foi derrotado por Joe Biden.
Alguns também aproveitaram falhas isoladas nas máquinas de votação para fazer o que muitos viram como esforços preventivos para desacreditar os resultados. Vários candidatos republicanos em disputas-chave, incluindo aqueles que, se forem eleitos, terão a responsabilidade de supervisionar as futuras eleições em seus estados, questionaram ou se negaram a aceitar a legitimidade dos resultados de 2020, destacou a OSCE em nota divulgada nesta quarta-feira.
"Lamentavelmente (...), as acusações infundadas de fraude continuaram tendo um resultado grave, em forma de assédio e ameaça contra os funcionários eleitorais", acrescentou Cederfelt. Ela ressaltou que a recusa verbal de alguns em aceitar a legitimidade dos resultados de 2020 teve um "efeito prejudicial" no discurso político, diminuindo a confiança no sistema.
As acusações de fraude surgiram na redes sociais e foram amplificadas por Trump depois que um condado do Arizona informou que uma pequena parte das máquinas de tabulação não estava funcionando durante a votação, na terça-feira.
Desde então, as autoridades disseram que não houve crime nos problemas das máquinas de votação e a OSCE acrescentou nesta quarta que planejava fazer um acompanhamento destas preocupações nos próximos dias.
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