Publicado 13/11/2022 13:46
Os habitantes da recém-libertada cidade de Kherson, no sul da Ucrânia, mostravam sinais de alívio neste domingo, 13, enquanto tentavam voltar a uma certa normalidade sob as autoridades de Kiev, após meses de ocupação russa. Os moradores denunciaram que as forças russas, que concluíram a retirada na sexta-feira, 11, após oito meses de presença, semearam desolação.
Longas filas se formavam em frente aos postos de distribuição de alimentos e de ajuda emergencial. E, nas ruas, crianças e adultos caminhavam envoltos na bandeira azul e amarela da Ucrânia. Alguns se reuniram na praça principal para poderem se comunicar com seus familiares por meio de um ponto do serviço de Internet via satélite Starlink, de propriedade de Elon Musk, dono da Tesla e do Twitter.
Os russos "levaram tudo. Saquearam as lojas", disse a vendedora Viktoria Dybovska, de 30 anos. "Cortaram (a eletricidade) há três ou quatro dias, quando estavam começando a ir embora. Sumiram em uma noite", acrescenta Antonina Vysochenko, de 29.
Oleksandr Todorchuk, fundador do UAnimals, um movimento de defesa dos animais, afirma que as tropas russas levaram animais do zoológico. "Levaram a maioria dos animais do zoológico da Crimeia (território ucraniano anexado por Moscou em 2014)", relatou no Facebook.
Após os múltiplos reveses militares do exército russo desde o verão (inverno no Brasil), a retirada de Kherson é uma humilhação para o Kremlin, especialmente quando a região desta grande cidade é uma das quatro anexadas pela Rússia.
Este é o terceiro grande revés para as forças russas desde o início de sua invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, depois que eles tiveram de renunciar a Kiev em março e foram praticamente expulsos da região de Kharkov (nordeste) em setembro.
"Estamos todos eufóricos", disse o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, na noite de sábado, 12, acrescentando que a região está muito destruída.
"Antes de fugir de Kherson, os ocupantes destruíram toda infraestrutura crítica", incluindo comunicações, abastecimento de água, calefação e eletricidade, detalhou.
Mais de 2 mil explosivos foram removidos após o recuo russo, acrescentou o presidente. Segundo ele, as Forças Armadas ucranianas recuperaram o controle de cerca de 60 localidades na região de Kherson.
No sábado, em Pravdyne, um dos povoados libertados, os habitantes que voltavam para casa se abraçavam, às lágrimas.
"Nos demos conta de que os russos tinham ido embora, porque nossos soldados estavam passando de carro. Chorei de felicidade, que a Ucrânia finalmente foi libertada", afirmou Svetlana Galak, uma mãe de 43 anos que perdeu sua filha de 15 anos em um bombardeio em sua localidade.
Em Kherson, a primeira grande cidade a cair após o início da ofensiva russa, os programas nacionais de televisão voltaram. E o fornecedor de energia da região anunciou que trabalha para restabelecer o fornecimento de eletricidade.
Cerca de 200 policiais foram enviados à cidade para isolar áreas e documentar "os crimes dos ocupantes russos", declarou o chefe da polícia nacional, Igor Klymenko.
Ele também alertou os moradores para a presença de artefatos explosivos, plantados pelas forças russas, e pediu que se desloquem "com cautela".
Na noite de sábado, autoridades locais pró-Rússia emitiram uma ordem de evacuação de seus trabalhadores no distrito de Kakhovka, na margem leste do rio Dnieper, para a região russa de Krasnodar, perto da Crimeia.
O Estado-Maior do Exército ucraniano informou, por sua vez, que as forças russas estão, no momento, "consolidando a fortificação" das linhas defensivas na margem leste do Dnieper.
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