Joe Biden e Xi Jinping, presidentes dos EUA e ChinaMandel Ngam/ Noel Celis / AFP
Publicado 14/11/2022 08:32
Os presidentes dos Estados Unidos e da China, Joe Biden e Xi Jinping, defenderam a necessidade de evitar o conflito e de melhor administração das relações entre as duas potências durante seu primeiro encontro presencial como chefes de Estado.
Depois de vários anos de crescentes tensões econômicas e geopolíticas, os presidentes das duas maiores economias do planeta apertaram as mãos no início da reunião na ilha indonésia de Bali, nesta segunda-feira, 14, antes do encontro de cúpula do G20.
"Temos que encontrar o caminho correto para as relações", afirmou Xi Jinping, que se declarou disposto a manter uma conversa "sincera" com Biden sobre temas estratégicos.
"O mundo chegou a uma encruzilhada e espera que China e Estados Unidos administrem de forma adequada sua relação", disse o presidente chinês.
Biden expressou o desejo de que os dois países "administrem as diferenças e evitem que a concorrência vire um conflito".
Também enfatizou a importância do encontro presencial depois de várias conversas por telefone ou por videoconferência desde que chegou à Casa Branca em janeiro de 2021. O presidente americano se comprometeu a "manter as linhas de comunicação abertas".
Na agenda de Xi Jinping também estão reuniões com os presidentes da França, Emmanuel Macron, da Argentina, Alberto Fernández, e com o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese.
O encontro bilateral pode ofuscar o início de uma reunião marcada pela guerra na Ucrânia, apesar dos esforços da Indonésia para tratar de questões como a cooperação econômica ou mudança climática. O conflito não está oficialmente na agenda, mas suas consequências são difíceis de ignorar: aumento expressivo dos preços dos alimentos, encarecimento da energia, desaceleração da recuperação econômica após a pandemia e temores de recessão.
Conflitos EUA-China
As divergências entre as duas maiores economias do planeta aumentaram nos últimos três anos: da concorrência comercial às polêmicas sobre a origem da pandemia de covid, passando pelas críticas aos direitos humanos na China ou a respeito do status de Taiwan.
Com as duas potências disputando influência política, econômica e militar no Pacífico, onde uma corrida armamentista acontece há vários anos, Biden quer estabelecer as "linhas vermelhas" na rivalidade.
O objetivo final é estabelecer "salvaguardas" e esclarecer as "regras ao longo do caminho".
"Fazemos tudo isto para evitar que a concorrência vire um conflito", disse um alto funcionário da Casa Branca.
Reunião do G-20
Com até 17 chefes de Estado e de Governo presentes na ilha paradisíaca da Indonésia, o grande ausente na mesa será o presidente russo, Vladimir Putin.
A Rússia será representada pelo ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, que afirmou rejeitar a "politização do G20, a introdução de questões não relacionadas e que deliberadamente provocam conflitos nas discussões".
Em uma aparente mensagem a Moscou, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, defendeu em Bali que a melhor coisa para a economia mundial é "acabar com a guerra da Rússia".Em uma tentativa de permanecer neutra no conflito, a Indonésia driblou as pressões ocidentais para afastar Putin do evento, mas, ao mesmo tempo, convidou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que discursará por vídeo.
A reunião oficial acontecerá na terça-feira e quarta-feira, 15 e 16, com três sessões de trabalho, concentradas na segurança alimentar e energética, saúde transformação digital.
Depois de várias reuniões prévias sem qualquer acordo pelas tensões geopolíticas, analistas consideram difícil que a reunião divulgue uma declaração conjunta dos líderes do bloco, que representa mais de 80% do PIB mundial.
O principal acordo anunciado antes do encontro é a criação de um fundo de 1,4 bilhão de dólares para a preparação a futuras pandemias, algo que a Indonésia, país anfitrião, considera insuficiente.
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