Míssil que caiu na terça-feira (15), matou dois homens em Przewodow, a seis quilômetros da UcrâniaHANDOUT / POLISH POLICE / AFP
Publicado 16/11/2022 15:21

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Os líderes ocidentais minimizaram nesta quarta-feira, 16, os temores de que a explosão de um míssil na Polônia arrastaria a Otan para o conflito entre Rússia e Ucrânia, uma vez que seria um projétil extraviado da defesa aérea ucraniana.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a Polônia, que faz parte dessa organização, afirmaram que a explosão, em um povoado polonês perto da fronteira com a Ucrânia, provavelmente se deveu a um míssil lançado pela defesa aérea de Kiev para tentar contra-atacar as ações da Rússia. Moscou negou envolvimento.

O míssil, que caiu na terça-feira (15), matou dois homens em Przewodow, a seis quilômetros da Ucrânia, após atingir instalações agrícolas. A Polônia colocou seu exército em estado de alerta.

O presidente polonês, Andrzej Duda, afirmou que "absolutamente nada indica que foi um ataque intencional contra a Polônia" e é "muito provável" que tenha sido um míssil ucraniano.

No mesmo sentido, o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, disse que não há elementos que indiquem um "ataque deliberado", depois que a Rússia negou qualquer responsabilidade no incidente.

A pedido da Polônia, a Otan convocou uma reunião de emergência para esta quarta-feira.

No final do encontro, Stoltenberg disse que o impacto foi "provavelmente provocado por um míssil do sistema ucraniano de defesa antiaérea para defender o país de mísseis russos", mas reiterou que a "Rússia carrega, em última análise, a responsabilidade, pois continua sua guerra ilegal contra a Ucrânia".

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também afirmou que era "pouco provável" que o míssil tenha partido da Rússia. Já o secretário americano da Defesa, Lloyd Austin, insistiu em que a Rússia era, em última instância, a responsável pelo incidente.

O Kremlin voltou a afirmar que não tinha relação com o ocorrido.

"Os destroços encontrados na Polônia foram identificados de forma categórica por especialistas russos (...) como elementos de um míssil guiado antiaéreo de sistemas de defesa antiaérea S-300 das Forças Armadas ucranianas", afirmou o Ministério russo da Defesa em um comunicado.

"Os ataques de alta precisão foram executados na Ucrânia a uma distância superior a 35 km da fronteira Polônia-Ucrânia", acrescenta a nota.

Inicialmente, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, havia descartado, como "teoria da conspiração", a ideia de que poderia ser um míssil ucraniano.

O impacto do míssil aconteceu na localidade de Przewodow durante a tarde de terça-feira e matou dois trabalhadores agrícolas.

"Tenho medo. Não dormi a noite toda", disse Anna Magus, de 60 anos, professora de uma escola do ensino básico da cidade. "Espero que tenha sido um míssil perdido, porque, em caso contrário, estamos indefesos", acrescentou.

A Polônia fez uma reunião de emergência de seu Conselho de Segurança Nacional na terça-feira e convocou o embaixador de Moscou para dar "explicações detalhadas imediatas".

Em resposta, Moscou convocou o embaixador polonês nesta quarta.

G20 pede calma
Em Bali (Indonésia), onde aconteceu a reunião de cúpula do G20, os líderes ocidentais afirmaram que ninguém deveria fazer análises precipitadas.

A China pediu "calma e moderação", enquanto o chefe de Governo da Alemanha, Olaf Scholz, fez um alerta sobre o perigo de "conclusões apressadas".

É "absolutamente essencial impedir a escalada da guerra na Ucrânia", afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que fez um apelo por uma "investigação aprofundada".

Em um discurso por videoconferência, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou inicialmente que o ataque à Polônia era "uma mensagem da Rússia à reunião de cúpula do G20".

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro e ocupa partes do território do país vizinho, apesar de uma série de derrotas nos últimos meses.

A Polônia, que compartilha uma fronteira de 530 quilômetros com a Ucrânia, assumiu a liderança regional ao fornecer ajuda militar e humanitária ao vizinho do leste e anunciar sanções contra a Rússia.

O conflito provoca um profundo mal-estar na Polônia, onde a recordação do domínio soviético está muito presente.

A Polônia está protegida pelo compromisso de segurança coletiva da Otan, consagrado no artigo 5 de seu tratado de fundação, mas as respostas da Aliança dependem das conclusões da origem do incidente.

A explosão aconteceu depois de um grande ataque de mísseis russos na terça-feira contra cidades de toda Ucrânia, incluindo Lviv, perto da fronteira com a Polônia.

Zelensky disse que os ataques cortaram o fornecimento de energia elétrica das casas de quase 10 milhões de pessoas, mas, poucas horas depois, anunciou o restabelecimento do serviço para oito milhões. Também provocou a interrupção automática em duas centrais nucleares.

A próxima semana será "difícil" para os moradores da região de Kiev, advertiu o governador Oleksiy Kuleba.

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