Manifestações acontecem no Irã desde o dia 16 de setembro, desencadeadas pela morte da jovem curda Mahsa AminiAtta Kenare / AFP
Publicado 17/11/2022 16:07
Centenas de pessoas se manifestaram em diversas cidades curdas do Irã nesta quinta-feira (17). Os protestos foram marcados pela violência e organizados dois meses depois da morte de Mahsa Amini.
O país é palco de uma onda de manifestações pela morte desta jovem curdo-iraniana de 22 anos em 16 de setembro, depois que ela foi detida pela polícia da moralidade por infringir o código de vestimenta que vigora na República Islâmica e obriga as mulheres a usarem o véu em público.
Nesta quinta-feira, as forças de segurança mataram um manifestante em Bukan e outros dois em Sanandaj, onde os moradores - como é tradição - realizaram homenagens pelo 40º dia das mortes de quatro de seus habitantes, abatidos durante a repressão aos protestos, segundo a ONG de defesa dos direitos dos curdos Hengaw, radicada na Noruega.
Em Sanandaj, capital do Curdistão iraniano (oeste), os presentes na marcha gritavam palavras de ordem como "Morte ao ditador!", em alusão ao líder supremo Ali Khamenei, segundo um vídeo difundido pela Hengaw e verificado pela AFP.
Nessa mesma cidade, um coronel da polícia foi esfaqueado até a morte nesta quinta, e outro, que tinha sido ferido com um arma branca na véspera, também morreu, segundo a agência oficial Irna.
Em Mashhad, no nordeste, dois paramilitares foram apunhalados até a morte quando tentavam intervir contra "amotinados que ameaçavam os comerciantes para obrigá-los a fechar" seus estabelecimentos, informou essa mesma agência. Já em Bukan, no oeste, "amotinados" destruíram e incendiaram bens públicos, e também atearam fogo à prefeitura, antes que a polícia chegasse, reportou a Irna.
A repressão ao movimento de protesto já deixou pelo menos 342 mortos desde 16 de setembro, segundo o balanço divulgado na quarta-feira pela Iran Human Rights (IHR), uma ONG também sediada na Noruega.
Desde domingo, cinco pessoas relacionadas com as manifestações foram condenadas à morte no país asiático. A Anistia Internacional denunciou o que considera um "uso espantoso da pena de morte para reprimir um levante popular com uma brutalidade ainda maior".
As autoridades iranianas, por sua vez, classificam os protestos de "distúrbios" e acusam os "inimigos" do Irã de quererem desestabilizar o país.
Nesse sentido, nesta quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores da república islâmica, Hossein Amir Abdollahian, acusou Israel e os serviços de inteligência do Ocidente de "planejarem" uma guerra civil no Irã.
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