Publicado 17/11/2022 18:53
Mais de 10 milhões de ucranianos estão privados de eletricidade após uma nova onda de bombardeios russos, no momento em que o inverno começa a assolar uma população exausta por quase nove meses de guerra, informou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, nesta quinta-feira (17).
"Atualmente, mais de 10 milhões de ucranianos estão sem eletricidade", disse Zelensky à noite, especificando que as regiões de Odessa (sul), Vinnytsia (centro), Sumy (nordeste) e Kiev (norte) foram as mais afetadas.
"Dezenas de mísseis esta manhã. Os locais civis são o principal alvo. A Rússia está em guerra contra a eletricidade e calefação do povo, explodindo centrais elétricas e outras instalações energéticas", declarou Zelensky durante um fórum econômico.
A Ucrânia já foi atingida na terça-feira por uma série de ataques que deixaram cerca de 10 milhões de ucranianos sem eletricidade por várias horas, de acordo com as autoridades de Kiev. A Rússia afirmou que o sofrimento dos civis na Ucrânia é "a consequência" da recusa da Capital Ucraniana em negociar.
Os ataques russos nesta quinta-feira deixaram pelo menos 14 feridos na cidade de Dnipro, no centro-leste, incluindo uma adolescente de 15 anos, informou o governador regional, Valentin Reznichenko, no Telegram.
Na região de Kiev, a defesa ucraniana derrubou dois mísseis de cruzeiro, bem como drones russos kamikaze Shahed de fabricação iraniana, informou a administração militar da cidade. Na região de Odessa, os russos atacaram uma infraestrutura e três pessoas ficaram feridas, segundo a administração regional.
A Rússia também bombardeou a região de Kharkiv (nordeste), indicou o governador Oleg Synegubov, acrescentando que os ataques atingiram "infraestruturas críticas".
Os bombardeios dos últimos dias acontecem após as tropas russas se retirarem de Kherson devido a uma contraofensiva ucraniana. Dmytro Lubynets, responsável pelas questões de direitos humanos no Parlamento ucraniano, denunciou um nível "horrível" de tortura em Kherson durante os oito meses de ocupação russa.
"Dezenas de pessoas" sofreram "choques elétricos e golpes com tubos de metal. Os russos "quebraram os ossos" dos ucranianos e "registraram tudo", acusou Lubynets.
A operadora nacional de eletricidade, Ukrenergo, anunciou a extensão dos cortes de energia até quinta-feira devido ao "agravamento da situação". A empresa disse no Facebook que "uma onda de frio" causou aumento da demanda em regiões onde a energia havia sido restaurada recentemente.
Em Kiev, que experimentava sua primeira nevasca, muitos distritos ficaram sem eletricidade. O governador regional da Capital, Oleksii Kuleba, alertou que a próxima semana será "difícil", com temperaturas que podem cair para "até -10°C".
Na frente diplomática, o acordo que permite a exportação de grãos dos portos ucranianos foi prorrogado nesta quinta pelos quatro meses de inverno, o que diminui as preocupações sobre uma potencial crise alimentar global.
As negociações do acordo, que expiraria nesta sexta-feira (18) à noite, se realizam com mediação da Turquia e da ONU. A Rússia se retirou brevemente do acordo no final de outubro, depois de denunciar o uso do corredor humanitário "para fins militares" pela Ucrânia.
A chamada Iniciativa dos Grãos do Mar Negro, que expiraria na noite de sexta-feira, permitiu que mais de 11 milhões de toneladas de grãos fossem retiradas dos portos ucranianos em quatro meses, após o bloqueio inicial dos portos ucranianos pelo Exército russo.
Dois dias após a queda de um míssil na Polônia, perto da fronteira ucraniana, a polêmica continua. Segundo a Polônia e a Otan, aquela explosão, que levantou temores de uma escalada no conflito, foi possivelmente causada por um míssil de defesa aérea ucraniano lançado para interceptar projéteis russos disparados contra infraestruturas civis.
O presidente Zelensky declarou nesta quinta-feira "não saber o que aconteceu", depois de ter reiterado na véspera que o projétil era "russo".
"Não sabemos ao certo. O mundo não sabe. Mas tenho certeza de que foi um míssil russo", declarou.
Um grupo de especialistas ucranianos chegou à Polônia para participar de uma investigação sobre o ocorrido.
O Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aprovou uma nova resolução instando a Rússia a se retirar da usina nuclear de Zaporizhzhia e cessar as operações militares contra instalações nucleares, segundo fontes diplomáticas.
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