Publicado 18/11/2022 15:02
A vice-presidente americana, Kamala Harris, e os líderes de Japão, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia e Canadá prometeram, em uma reunião de emergência nesta sexta-feira (18), pressionar a Coreia do Norte, depois que Pyongyang lançou um míssil balístico intercontinental.
Algumas horas depois de a Coreia do Norte lançar um míssil, que o Japão diz ter capacidade de alcançar o território continental dos Estados Unidos, Harris se reuniu com vários aliados de seu país à margem de uma cúpula do fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), em Bangcoc.
"Condenamos veementemente estas ações e reiteramos o chamado para que a Coreia do Norte cesse estes atos ilegais e desestabilizadores", disse a vice-presidente americana e acrescentou ""Em nome dos Estados Unidos, reafirmo nosso inabalável compromisso com nossas alianças da região Indo-Pacífico"
O Japão afirmou que o míssil caiu em suas águas. Em nota, a Casa Branca informou que os seis líderes que participaram da reunião advertiram sobre uma "resposta firme e decidida", caso a Coreia do Norte realize um teste nuclear.
Os líderes concordaram em manter a abertura ao diálogo e instaram a Coreia do Norte a "abandonar as provocações sem motivo e a retomar a diplomacia séria e embasada".
Em uma velada referência à China, o principal apoiador deste empobrecido e isolado país, o comunicado também fez um apelo a todos o membros da ONU para que "implementem plenamente" as resoluções do Conselho de Segurança, que impôs duras sanções à Coreia do Norte.
Um funcionário de alto escalão que acompanha Harris disse, sob condição de anonimato, que os Estados Unidos vão se esforçar para conseguir que a China, principal aliada da Coreia do Norte, una-se aos países que condenam o lançamento e "use sua influência" sobre Pyongyang.
"A ação de hoje foi uma nova escalada", insistiu a mesma fonte, já que o míssil tem "a capacidade de atingir os Estados Unidos e muitos outros países do mundo".
Este lançamento ocorre em um momento de crescentes tensões entre Coreia do Norte e Estados Unidos. Washington acredita que Pyongyang possa estar preparando um sétimo teste nuclear.
'Pela paz e segurança'
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse que os líderes também buscam uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, onde China e Rússia podem vetar uma proposta americana para endurecer as sanções.
"É sobre o mundo se unir para condenar as ações da Coreia do Norte e se posicionar pela paz e segurança de nossa região", declarou Albanese à imprensa.
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, admitiu que há temores de que a Coreia do Norte ignore as pressões.
"Existe a possibilidade de que a Coreia do Norte lance mais mísseis", afirmou Kishida.
O primeiro-ministro da Coreia do Sul, Han Duck-soo, declarou que um lançamento direto de mísseis "nunca deve ser tolerado".
"A comunidade internacional deve responder de forma decisiva", afirmou Han.
No domingo, o presidente americano, Joe Biden, reuniu-se com os líderes de Japão e Coreia do Sul à margem da cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), no Camboja.
Os três países lançaram uma advertência similar contra um eventual teste nuclear, o que a Coreia do Norte qualificou como prova da hostilidade dos Estados Unidos.
Na reunião desta sexta, os países continuaram a mostrar uma frente unida. O premiê do Canadá, Justin Trudeau, qualificou o lançamento de Pyongyang de "imprudente".
"Isso é totalmente inaceitável e deve cessar", frisou.
Apesar da pressão, o governo de Biden acredita que o país com mais chances de exercer influência sobre a Coreia do Norte é a China.
Biden se reuniu nesta segunda-feira (14) com o presidente chinês, Xi Jinping, em paralelo à cúpula do G20 na Indonésia e expressou sua confiança de que Pequim não está tentando levar a Coreia do Norte para uma nova escalada. O presidente democrata tem demonstrado disposição para iniciar um diálogo com a Coreia do Norte, mas Pyongyang não mostrou interesse em abrir uma via de negociações.
O líder norte-coreano, Kim Jong-un, reuniu-se três vezes com o antecessor de Biden, o republicano Donald Trump, o que aliviou as tensões, mas não resultou em qualquer acordo duradouro.
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