Reunião de emergência para decidir se abrirá uma investigação internacional sobre os abusos dos quais Teerã é acusado Reprodução
Publicado 24/11/2022 14:28
A violenta repressão contra as manifestações no Irã "deve acabar", pediu nesta quinta-feira, 24, o Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU, em uma reunião de emergência para decidir se abrirá uma investigação internacional sobre os abusos dos quais Teerã é acusado.
"O povo iraniano exige uma coisa muito simples, uma coisa que a maioria de nós considera óbvia: a possibilidade de falar e ser ouvido", declarou a embaixadora dos Estados Unidos, Michèle Taylor, junto a membros de sua delegação que mostravam imagens e nomes das vítimas.
Os 47 Estados-membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU, instância máxima da instituição na área dos direitos humanos, reuniram-se para abordar a "deterioração da situação" no Irã.
"O uso desnecessário e desproporcional da força deve parar. Os velhos hábitos e a mentalidade de fortaleza sitiada daqueles no poder simplesmente não funcionam. Só pioram a situação", afirmou o alto comissário para os Direitos Humanos, Volker Türk.Türk também afirmou que seu pedido para visitar o Irã não teve resposta.
Em dois meses, a repressão dos protestos deixou ao menos 416 mortos, 51 deles crianças, segundo a ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega.
Esta onda de protestos contra o governo, que surgiu após as reivindicações das mulheres depois da morte de Mahsa Amini, uma jovem curda morta sob custódia da polícia da moralidade por não usar corretamente o véu islâmico, alcançou uma magnitude sem precedentes desde a Revolução Islâmica de 1979.
Segundo o relator especial da ONU para o Irã, mais de 15 mil pessoas foram detidas. A Justiça iraniana já condenou à morte seis pessoas relacionadas às manifestações.
O Conselho deve decidir nesta quinta-feira se nomeia uma equipe de investigadores de alto nível para analisar as violações dos direitos humanos ligadas à repressão das manifestações. "Essa resolução, se for adotada, conta muito.
Não sabemos se (...) pode salvar vidas amanhã. Mas o que garanto que sabemos é que significará justiça, justiça para o povo", declarou a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, à imprensa em Genebra.
De acordo com o projeto de resolução, apresentado pela Alemanha e pela Islândia, esta missão internacional independente — que não terá chance de entrar no Irã — visa reunir evidências desses abusos e preservá-las para possíveis ações futuras.
"Mulher, vida, liberdade". Com este slogan, tão simples e tão forte, os iranianos recordam, há mais de dois meses, os valores que defendem", declarou a embaixadora francesa, Emmanuelle Lachaussée.
A representante iraniana enviada por Teerã, Khadijeh Karimi, acusou os países ocidentais de falta de "credibilidade moral" para criticar o Irã, denunciando as sanções dos Estados Unidos e dos países europeus.
Como esperado, China, Venezuela e Cuba apoiaram o Irã. O embaixador chinês, Chen Xu, defendeu "o diálogo e a cooperação (...) para promover os direitos humanos".
O Paquistão também destacou a importância de obter o consentimento do país em questão para iniciar as investigações e o Brasil, também líder entre as nações em desenvolvimento, anunciou que se absteria. Segundo várias fontes diplomáticas, a resolução deve ser aprovada.
Recentemente, a resistência — alimentada por Rússia, China e Irã — tem crescido contra iniciativas de países ocidentais para condenar Estados individuais por sua repressão aos direitos humanos.
No mês passado, esses países fracassaram em sua tentativa de incluir uma discussão sobre a repressão de Pequim na região de Xinjiang.
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