Publicado 28/11/2022 18:36
Mares e oceanos estão se afogando em plásticos. A cada ano, cerca de 11 milhões de toneladas desse material chegam às águas, uma quantidade que pode triplicar até 2040, segundo a ONU, se não forem tomadas medidas. Por esse motivo, governos de todo mundo se reúnem a partir desta segunda-feira, 28, no Uruguai para atenuar esse problema.
Esse é apenas um dos desafios do Comitê Intergovernamental de Negociação (INC, na sigla em inglês) da ONU, que se reuniu pela primeira vez, em Punta del Este, para trabalhar em um acordo global que ponha fim à poluição por plásticos.
“Sabemos que o mundo é viciado em plástico. O mundo criou uma crise do plástico”, afirmou a secretária-geral adjunta das Nações Unidas e diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Inger Andersen, em entrevista coletiva.
"E os plásticos têm efeitos nocivos para a saúde, deixam uma grande pegada... Mas esta não é uma guerra contra o plástico em si, é uma guerra contra o plástico no meio ambiente", explicou.
O INC foi criado após a Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ANUE), a mais alta instância internacional nessa matéria, realizada em março passado em Nairóbi, como parte de uma negociação "histórica" para se chegar ao primeiro acordo global contra a poluição por plásticos.
O objetivo do Comitê é produzir um texto juridicamente vinculante até 2024. Sua criação constitui o maior avanço ambiental desde o Acordo de Paris sobre o clima para combater o aquecimento global, firmado em 2015.
Durante cinco dias, o balneário uruguaio receberá representantes de mais de 190 Estados que trabalham juntos na busca de soluções para reduzir os resíduos plásticos despejados no meio ambiente e que ameaçam a biodiversidade do planeta.
Andersen reconheceu que a meta estabelecida em Nairóbi é "ambiciosa, mas viável", e que "é possível chegar a um acordo em um prazo de dois anos".
Para conseguir isso, disse ela, os 193 membros da ONU fazem um “chamado à ação para se levar em conta todo o ciclo de vida dos plásticos”: desde as etapas iniciais, nas quais se trabalha com a produção de polímeros; até a final, na qual são gerados resíduos; passando pelas intermediárias, em que entram produtores e marcas.
“Isso quer dizer que devemos trabalhar junto com o setor privado, com a comunidade, com os defensores do meio ambiente, com lideranças políticas, para continuar construindo o caminho a seguir”, afirmou.
Os plásticos representam pelo menos 85% do lixo marinho, segundo a ONU.
A cada minuto, o equivalente a um caminhão de lixo de plástico é jogado nos oceanos. Se nada for feito a respeito, até 2040, projeta-se que a cada ano, o equivalente a 50 quilos de plástico chegará ao oceano por cada metro de costa em todo o mundo.
Para o ministro uruguaio do Meio Ambiente, Adrián Peña, a luta não é contra o plástico em si, mas contra “a poluição pelo plástico e contra alguns usos, como o hábito de usar e jogar fora”.
A chave é “como gerimos o plástico, como reciclamos (...)”, acrescentou Peña.
Neste sentido, informou que o Uruguai vai contar com o primeiro sistema de depósito de recipientes e reembolso da América Latina. "Isto significa que o cidadão vai poder levar (o recipiente) descartável e vai receber um tíquete que vai poder trocar por dinheiro, no âmbito de um decreto que vamos assinar na semana que vem", antecipou.
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