Comissão Nacional da Saúde prometeu agilizar 'aumento da taxa de vacinação das pessoas com mais de 80 anos e continuar ampliando entre as de 60 a 79'Reprodução/AFP
Publicado 29/11/2022 08:45
Pequim - A China anunciou nesta terça-feira, 29, que vai acelerar a vacinação entre os idosos contra a covid-19. A decisão acontece dois dias após as manifestações históricas contra as restrições no país em um momento de grande presença policial nas ruas, o que impediu novos protestos.
A Comissão Nacional da Saúde prometeu em um comunicado "acelerar o aumento da taxa de vacinação das pessoas com mais de 80 anos e continuar ampliando entre as de 60 a 79".
Apenas 65,8% das pessoas com mais de 80 anos estão com o esquema de imunização completo no país, informaram diretores da comissão. A limitada cobertura de vacinação entre os idosos é um dos argumentos do governo para justificar a política de saúde rígida. Entre as medidas estão confinamentos prolongados, quarentenas no momento da chegada do exterior e testes praticamente diários para a população.
O avanço nas taxas de vacinação poderia oferecer à China uma saída para as manobras da "covid zero". Em vigor há quase três anos, esta foi alvo da revolta popular em manifestações durante o fim de semana, as maiores no país desde o movimento pró-democracia de 1989.
A frustração de muitos com o sistema político chinês também influencia os protestos. Alguns chegaram a pedir a renúncia do presidente Xi Jinping, que conquistou recentemente o terceiro mandato.
O que desencadeou os atos foi o incêndio da semana passada em um prédio de Urumqi, capital da região de Xinjiang (noroeste), que deixou pelo menos 10 mortos. Muitos chineses afirmam que os trabalhos dos bombeiros foram prejudicados pelas fortes restrições das medidas contra o coronavírus, o que o governo de Pequim negou nesta segunda-feira, 29.
Na cidade de Xangai, perto do local onde aconteceram protestos no fim de semana, os proprietários dos bares afirmaram que receberam ordens para fechar as portas às 22h00. A justificativa usada seria o "controle da epidemia".
Policiais também estavam posicionados nas saídas das estações de metrô. Jornalistas da AFP observaram o momento em que agentes prenderam quatro pessoas e depois liberaram uma. Um repórter viu 12 viaturas policiais em 100 metros ao longo da rua que concentrou os protestos de domingo.
"Hoje a atmosfera é nervosa. Há muitos policiais", disse um homem de 30 anos no final da tarde em Xangai.
No entanto, atos foram organizados em outras localidades. Em Hong Kong, dezenas de estudantes se reuniram para para prestar homenagem às vítimas do incêndio em Urumqi. "Não desviem o olhar, não esqueçam", gritaram.
Em Hangzhou, quase 170 quilômetros ao sudoeste de Xangai, pequenos protestos foram registrados em meio ao intenso esquema de segurança no centro da cidade.
"As autoridades aproveitam o pretexto da covid, mas utilizam os confinamentos excessivamente rígidos para controlar a população chinesa", declarou Chen, um manifestante de 21 anos que revelou apenas o sobrenome.
O governo chinês insiste na política de 'covid zero', mas há sinais de que as autoridades locais pretendem flexibilizar algumas regras para conter os protestos.
Em Urumqi, um funcionário do governo local disse que a cidade pagaria 300 yuanes (42 dólares) a cada pessoa "de baixa renda ou sem renda garantida" e anunciou uma moratória de cinco meses no aluguel para algumas famílias.
Em Pequim foi proibido fechar com cadeado os portões das áreas residenciais, informou no domingo, 27, a agência estatal Xinhua. A prática desencadeou uma revolta por deixar as pessoas trancadas diante de pequenos surtos de contágio.
Um influente analista político da imprensa estatal indicou que os controles contra a covid serão ainda mais reduzidos e que a população "ficará tranquila em breve". 
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