Congresso dos EUA adota lei para evitar greve nacional ferroviáriaRicardo Botelho/MInfra
Publicado 01/12/2022 21:51
O Congresso dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira (1) uma lei para evitar uma greve no transporte ferroviário de cargas que poderia ser catastrófica para a maior economia do mundo. O texto, adotado pelo Senado após sua aprovação na quarta-feira (30) na Câmara dos Representantes, impõe a adoção de um acordo, embora não tenha recebido o apoio de todos os sindicatos do setor.
Diante da perspectiva de uma possível greve a partir de 9 de dezembro, o presidente Joe Biden decidiu entregar a questão ao Congresso, apoiado por uma lei de 1926, que impõe um acordo coletivo em caso de impasse nas negociações.
O presidente democrata considerou a situação perigosa demais. Uma greve no setor ferroviário reduziria a atividade econômica do país em US 2 bilhões por dia, segundo estimativa da Associação Ferroviária dos Estados Unidos (ARA, na sigla em inglês).
"Trabalhando juntos, evitamos para este país uma catástrofe natalina em nossos mercados de alimentos, em nossos locais de trabalho e em nossas comunidades", disse Biden em um comunicado após a votação. As consequências de um fechamento "seriam grandes demais", acrescentou.
Em 2020, cerca de 28% das mercadorias nos Estados Unidos foram transportadas por ferrovias, segundo a empresa Union Pacific. Além disso, uma vez que 97% da rede utilizada pela companhia ferroviária nacional Amtrak é gerida por operadores de transporte de mercadorias, uma greve teria repercussões consideráveis no tráfego de passageiros.
Ao forçar a adoção do acordo coletivo e evitar o diálogo social, Biden se expôs às críticas dos sindicatos e da ala de esquerda do Partido Democrata.
"Não há exemplo mais claro de ganância corporativa do que o que vemos hoje na indústria ferroviária", disse o senador progressista Bernie Sanders.
Biden se defendeu das críticas em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira, garantindo ter conseguido "negociar um contrato que ninguém mais poderia ter negociado".
O texto prevê um aumento salarial de 24% no quinquênio 2020-2024.
A ameaça de greve se originou em um complexo processo de negociação, do qual participaram 12 sindicatos e seus patrões, e no qual Biden investiu todo seu peso político. Dentre as questões que evidenciaram o descontentamento de inúmeros trabalhadores do setor, destaca-se a licença médica, já que algumas empresas não a disponibilizam.
Na tentativa de resolver o impasse, os democratas apresentaram um projeto de lei complementar que prevê sete dias de licença médica garantida por ano, mas o texto não obteve os 60 votos necessários no Senado para ser aprovado.
"O abandono do dever e a falha em responsabilizar as empresas por falta de boa-fé para com seus funcionários não serão esquecidos", afirmou um dos sindicatos em comunicado.Sean O'Brien, presidente-geral do sindicato Teamsters, escreveu em um tuíte que era "horrível" que não houvesse 60 senadores dispostos a lutar pelos direitos básicos dos trabalhadores ferroviários.
"Fui muito claro: continuarei lutando pela cobertura de licença médica, não apenas para os trabalhadores ferroviários, mas para todos os trabalhadores americanos", prometeu Joe Biden nesta quinta-feira.
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