Publicado 06/12/2022 09:34 | Atualizado 06/12/2022 09:39
Pequim - A China parou as atividades na manhã desta terça-feira, 6, para prestar homenagem ao ex-presidente Jiang Zemin, que morreu na última quarta-feira, 30, aos 96 anos. As sirenes foram ouvidas em todo o país.
A homenagem começou às 10h00 do horário local no Grande Salão do Povo de Pequim. O país respeitou três minutos de silêncio. A cerimônia foi exibida ao vivo pela televisão estatal.
"Ele dedicou toda a sua vida e energia ao povo chinês, dedicou sua vida a lutar pela independência e felicidade do povo", disse o presidente Xi Jinping aos membros do Partido Comunista reunidos no salão.
De aspecto frágil e inconsolável, a viúva de Jiang, Wang Yeping, permaneceu em uma cadeira de rodas na primeira fila. O marido faleceu em Xangai, vítima de leucemia e falência de múltiplos órgãos.
Jiang chegou ao poder após a brutal repressão de 1989 na Praça de Tiananmen (Paz Celestial) de Pequim e governou o país até 2003. Durante seus mandatos, a China alcançou o status de potência mundial.
Em Yangzhou, cidade natal de Jiang, quase 100 pessoas se reuniram diante da antiga residência do ex-presidente para respeitar os minutos de silêncio, período em que as Bolsas de Xangai, Shenzhen e Hong Kong suspenderam as negociações. As bandeiras no país estão hasteadas a meio mastro, assim como nos edifícios oficiais chineses no exterior.
Centenas de navios na Baía de Hong Kong tocaram as sirenes. Até o entretenimento público foi suspenso nesta terça-feira, entre eles alguns jogos, como o popular League of Legends, paralisado por um dia.
Popular entre as gerações mais jovens, Jiang divide a população em relação ao seu legado. Seu papel na repressão dos protestos de 1989, assim como o aumento da corrupção durante seus mandatos, tornam sua herança mista.
Ele foi acusado de não abordar os problemas provocados pelo salto econômico da China, como a corrupção, a desigualdade, o impacto ambiental e demissões motivadas pelas reformas nas indústrias estatais.
Em seu governo, a repressão de ativistas também se tornou mais violenta, embora ele seja aclamado na imprensa estatal como um grande revolucionário comunista. "Jiang Zemin foi um líder notável de grande prestígio", afirma a China News em um obituário com o título "A grande e gloriosa vida de Jiang Zemin".
O corpo foi cremado em Pequim nesta segunda-feira, 5, durante uma cerimônia com as presenças do presidente Xi Jinping e de outros dirigentes do regime comunista, informou a agência estatal Xinhua.
O ex-presidente Hu Jintao, que foi retirado à força do congresso do Partido Comunista em outubro, fez sua primeira aparição em público desde então, em uma cerimônia em homenagem a Jiang Zemin em um hospital de Pequim na segunda-feira, pouco antes da cremação.
Imagens exibidas pelo canal CCTV mostram Jintao ao lado do presidente Xi Jinping. Depois ele foi observado caminhando com dificuldades e a ajuda de um auxiliar em direção ao caixão. No último dia do congresso da legenda, Jintao foi escoltado aparentemente contra sua vontade para fora do salão do evento.
Na ocasião, a imprensa estatal informou que ele não estava se sentindo bem, mas analistas interpretaram o incidente como uma mensagem de Xi Jinping para qualquer pessoa contrária a sua reeleição a um terceiro mandato como secretário-geral do partido.
Na quinta-feira da semana passada, o caixão foi transportado a Pequim. O presidente Xi estava presente no momento da chegada. O atual mandatário e outros funcionários de alto escalão do regime se inclinaram de forma coordenada no momento da retirada do caixão de Jiang Zemin do avião.
Desde sua aposentadoria, Jiang Zemin era visto com carinho por chineses das gerações Y (nascidos de 1980 até o fim dos anos 1990) e Z (do fim dos anos 1990 até 2010), autodenominados os "Fiéis do Sapo", fascinados por seu porte, considerado por muitos similar ao do animal e seus gestos excêntricos.
Muitos o chamavam de "avô Jiang". "A era de Jiang, embora não tenha sido a mais próspera, foi mais tolerante", escreveu um chinês na rede social.
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