Publicado 11/12/2022 16:45 | Atualizado 15/12/2022 10:36
A deputada grega Eva Kaili, vice-presidente do Parlamento Europeu, e três outras pessoas foram indiciadas e presas neste domingo (11), na Bélgica, no âmbito de uma investigação sobre corrupção relacionada ao Catar, informou uma fonte judicial à AFP.
Um juiz enviou Eva e outras três pessoas à prisão dois dias após a sua detenção, motivada por uma investigação envolvendo o país organizador da Copa do Mundo. A deputada e ex-apresentadora de TV, 44, não pôde se beneficiar da imunidade parlamentar, uma vez que foi presa em flagrante delito, segundo a fonte, que não quis ser identificada.
A fonte confirmou informações da imprensa segundo as quais Eva transportava "sacolas de notas" na noite de sexta-feira, quando foi detida pela polícia belga. O promotor federal também anunciou que uma busca na casa de um segundo deputado, o belga Marc Tarabella, foi realizada na noite deste sábado. A residência de Eva Kaili em Bruxelas foi revistada na véspera.
O caso constitui "um ataque grave à reputação" dessa instituição da União Europeia, lamentou neste domingo o comissário de Economia do bloco europeu, Paolo Gentiloni. É um caso "vergonhoso e intolerável", insistiu.
"Caso se confirme que alguém recebeu dinheiro para tentar influenciar a opinião do Parlamento Europeu, acredito que será um dos casos de corrupção mais dramáticos dos últimos anos", acrescentou Gentiloni.
Nesse caso, "suspeita-se de pagamento de somas substanciais de dinheiro ou presentes significativos a terceiros com posição política e/ou estratégica dentro do Parlamento Europeu para influenciar decisões" dessa instituição, assinalou hoje a procuradoria federal.
Entre os seis suspeitos detidos na sexta estavam o ex-parlamentar italiano Pier-Antonio Panzeri e o secretário-geral da Confederação Sindical Internacional (ITUC) Luca Visentini, também italiano. Segundo a imprensa belga, o próprio pai de Eva foi localizado com uma grande quantia em dinheiro em uma mala.
O escândalo explodiu em plena Copa do Mundo no Catar, que luta para refutar as acusações de desrespeito aos direitos humanos dos milhares de migrantes que trabalharam na construção dos estádios. Eva viajou ao Catar no início de novembro, onde elogiou, ao lado do ministro do Trabalho do país, as reformas do emirado neste setor.
No sábado (10), a presidente da Eurocâmara, a maltesa Roberta Metsola, já havia decidido por uma primeira sanção contra Eva e a destituiu das funções que havia delegado, inclusive de representá-la na região do Oriente Médio. Eurodeputados de esquerda pediram a renúncia de Eva, que foi removida na sexta-feira (9) do partido socialista grego (Pasok-Kinal).
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