Publicado 15/12/2022 14:31
A desaceleração da economia na América Latina e no Caribe deve continuar em 2023, afirmou José Manuel Salazar-Xirinachs, secretário executivo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). O levantamento da Comissão indica que o PIB da região deve crescer 3,7% em 2022 e 1,3% em 2023. "Isso representa cerca de um terço do crescimento neste ano, uma desaceleração muito acentuada", observou o economista.
Durante apresentação do "Balanço preliminar das economias da América Latina e do Caribe em 2022", Salazar-Xirinachs esclareceu que, apesar de indícios de melhora, os níveis de inflação devem permanecer elevados no próximo ano, afetando a política monetária e a atividade econômica.
Entre os fatores incentivando a desaceleração, o relatório ressalta o crescimento lento e desigual do mercado de trabalho latino, que registrou aumento da informalidade, redução do salário real e persistência nas desigualdades de gênero. Além disso, a dívida pública permanece elevada em 2022, representando 51,2% do PIB da América Latina (16 países) em setembro e 77,8% do PIB do Caribe (13 países) em junho.
"Estamos revivendo 'era perdida', com crescimento menor e perdas econômicas", conclui Salazar-Xirinachs.
O secretário executivo da Cepal afirmou também que a inflação deve diminuir em 2023 tanto nas economias avançadas, como nas emergentes. Contudo, o economista também alertou que os índices não devem atingir níveis pré-pandêmicos, permanecendo elevados.
Segundo projeções do Cepal, a inflação da América Latina e do Caribe deve terminar 2022 em 7,3% e 4,8% no próximo ano. "Biênio 2023-24 deve ter inflação mais moderada do que 2021-22", apontou o secretário executivo da Comissão.
Dados do levantamento também apontam que os motores da inflação em 2022 - fertilizantes, energia e petróleo - tem previsão de queda de preços para 2023, embora também continuem elevados.
As altas nas taxas de juros por bancos centrais estão sincronizadas globalmente, apesar de não serem coordenadas por uma política única, analisou José Manuel Salazar-Xirinachs. "Custos de financiamento estão aumentando", observou.
O economista defende que a redução da inflação será possível moderar os "incrementos" na estratégia de aperto da política monetária internacional e alerta para os riscos da volatilidade econômica em diversos países. "Volatilidade financeira internacional aumenta os riscos de depreciação cambial, o que pode afetar a trajetória da inflação na América Latina", relata.
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