Publicado 29/12/2022 10:19
A Ucrânia denunciou nesta quinta-feira, 29, novos ataques em larga escala da Rússia com dezenas de mísseis contra várias cidades do país, incluindo Kiev, em mais uma série de ações com o objetivo de destruir as infraestruturas de energia do país, em pleno inverno.
O comandante das Forças Armadas ucranianas, Valery Zaluzhny, afirmou que o exército derrubou 54 dos 69 mísseis disparados pelas tropas russas.
O país, no entanto, enfrenta novos danos a sua rede de energia elétrica, já muito deteriorada por quase três meses de bombardeios intensos.
A aeronáutica anunciou que destruiu 11 drones explosivos do tipo Shahed, de fabricação iraniana. Em um primeiro momento, a presidência ucraniana citou 120 mísseis.
"O inimigo ataca a Ucrânia de várias direções com mísseis de cruzeiro a partir de aviões e navios", afirmou a Força Aérea ucraniana nas redes sociais.
Após uma série de reveses militares nos últimos meses, o Kremlin mudou de tática e em outubro passou a atacar com frequência os transformadores e as centrais de energia elétrica da Ucrânia, com mísseis e drones.
A estratégia provocou uma grave escassez de energia e deixou milhões de ucranianos no frio e na escuridão. Os ataques desta quinta acontecem poucos dias antes do Ano Novo, a grande festa das famílias na maioria dos países da região.
Ao mesmo tempo, o governo de Belarus, aliado da Rússia, afirmou que um míssil ucraniano caiu nesta quinta em seu território. O projétil, lançado por um sistema de defesa antiaérea S-300, partiu "do território ucraniano", afirmou o ministério bielorrusso da Defesa.
Quase 90% de Lviv, a principal cidade do oeste da Ucrânia, ficou sem energia elétrica após os ataques. "Os bondes e ônibus elétricos não funcionam mais na cidade, podemos enfrentar cortes de água", afirmou o prefeito de Lviv, Andriy Sadovy, no Telegram.
Em Kiev, 40% dos residentes estavam sem energia elétrica em consequência dos ataques contra as infraestruturas fora da cidade.
De acordo com uma fonte militar, a defesa antiaérea conseguiu derrubar 16 mísseis russos que foram lançados contra a capital.
"Recarreguem seus telefones e outros dispositivos. Façam reservas de água", recomendou o prefeito de Kiev, Vitali Klitchko.
Em Odessa, importante porto do sudoeste da Ucrânia, 21 mísseis russos foram derrubados pela defesa ucraniana, segundo o governador Maksym Martchenko.
Porém outros atingiram os alvos e a cidade enfrenta cortes de energia. Na cidade de Kharkiv (nordeste), na fronteira com a Rússia, os bombardeios também apontaram contra "infraestruturas críticas", segundo o governador Oleg Sinegubov, e as autoridades ainda tentam determinar o balanço da destruição.
Desde outubro, a Rússia lançou centenas de mísseis e drones contra as infraestruturas ucranianas. Por este motivo, Kiev pede aos aliados ocidentais que acelerem a ajuda militar para fornecer ao país mais sistemas de defesa antiaérea.
Por sua vez, o presidente russo, Vladimir Putin, participou nesta quinta-feira de uma cerimônia de apresentação de navios de guerra, incluindo um submarino com capacidade de transportar mísseis nucleares. Ele prometeu produzir mais armamentos e elogiou as capacidades de sua frota.
Putin apresenta a invasão da Ucrânia, que começou há 10 meses e já provocou grandes perdas, como uma necessidade para a segurança nacional. Ele afirma que o Ocidente está usando o país como uma ponte para ameaçar a Rússia.
Diante dos reveses militares, a Rússia mobilizou 300 mil reservistas, civis, para estabilizar as frentes de batalha. Moscou reivindica a anexação de quatro regiões do sul e leste da Ucrânia, que o exército russo ocupa de maneira parcial.
Os combates prosseguem, com batalhas particularmente violentas em Bakhmut, uma cidade do leste da Ucrânia que a Rússia tenta conquistar há vários meses, e Kreminna, que as forças ucranianas tentam retomar. As perspectivas de negociações são praticamente inexistentes.
A Ucrânia exige a retirada de todas as forças russas do país, enquanto Moscou deseja que Kiev ao menos entregue as quatro regiões que o Kremlin reivindica como suas desde setembro, assim como a Crimeia, anexada em 2014.
Leia mais