Publicado 02/01/2023 17:32
O aeroporto internacional de Damasco retomou suas operações, depois de ficar temporariamente fora de serviço nesta segunda-feira (2), devido a ataques israelenses que deixaram quatro mortos, incluindo dois soldados sírios - informou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
Esta é a segunda vez em sete meses que o aeroporto da capital síria, que é usado como base por grupos armados apoiados pelo Irã e por combatentes libaneses do Hezbollah, ficou fora de serviço.
"Quatro combatentes, incluindo dois soldados sírios, foram mortos" no ataque israelense, informou à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdul Rahman.
A organização não especificou a nacionalidade dos outros dois falecidos. A agência de notícias oficial síria SANA reportou que, por volta das 2h locais (20h de domingo no horário de Brasília), dois soldados sírios morreram no ataque, segundo fontes militares.
"O inimigo israelense lançou um ataque aéreo com mísseis contra o Aeroporto Internacional de Damasco e seus arredores", declarou uma fonte militar.
O ataque provocou "a morte de dois militares e dois feridos", deixando também danos materiais. Em um comunicado divulgado poucas horas após o incidente, o Ministério dos Transportes sírio anunciou a retomada dos voos e das operações no aeroporto a partir das 9h locais (3h de Brasília).
Suleyman Jalil, funcionário deste ministério, disse à AFP que o serviço foi restabelecido em uma das pistas bombardeadas e que a outra pista está sendo reparada. Após os ataques noturnos, "vários voos com destino ao aeroporto de Damasco foram redirecionados para o aeroporto de Latakia", afirmou.
Segundo o diretor do OSDH, o ataque israelense atingiu "posições do Hezbollah e de grupos pró-iranianos dentro do aeroporto, incluindo um depósito de armas". O ministério sírio das Relações Exteriores condenou o ataque e pediu às Nações Unidas que "tome medidas urgentes para castigar seus responsáveis".
A pasta classificou o bombardeio de "mais um episódio dos crimes de Israel" contra "a Síria e seu povo".
Desde o início da guerra civil na Síria, em 2011, Israel lançou centenas de ataques aéreos contra o país vizinho, tendo como alvos as tropas do governo, bem como seus aliados apoiados pelo Irã e por combatentes do grupo xiita libanês Hezbollah.
Israel não costuma comentar seus ataques na Síria, mas já garantiu que não permitirá que o Irã amplie sua influência no país.
"Hezbollah 2.0"
Em 28 de dezembro, o chefe de operações do Exército israelense, general Oded Basiuk, apresentou suas projeções operacionais para 2023.
"Vemos nossas operações na Síria como um exemplo de como a ação militar contínua e persistente molda e influencia toda região", declarou o Exército no Twitter durante a apresentação de Basiuk.
"Não aceitaremos um Hezbollah 2.0 na Síria", acrescentou.
O conflito sírio, que começou com a repressão aos protestos pró-democracia, já deixou 500 mil mortos, desalojou milhões de pessoas e devastou o país.
Depois de anos de combates e de bombardeios, o conflito diminuiu nos últimos três anos, mas ainda há batalhas esporádicas, e os ataques jihadistas continuam, especialmente no leste do país.
Pelo menos 3.825 pessoas morreram em 2022 na guerra da Síria, de acordo com dados do OSDH, ante 3.882 no ano anterior. As mortes em 2022 incluem 1.627 civis, 321 deles menores de idade, segundo o Observatório.
Ainda assim, 2022 foi o ano com menos mortes desde o início do conflito.
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