Publicado 09/01/2023 18:57
Islamabad - O Paquistão obteve, nesta segunda-feira, 9, uma promessa de investimento de US$ 9 bilhões, cerca de R$ 47,6 bilhões, de ajuda para a reconstrução do país. Após o período de enchentes catastróficas no ano passado, outras nações temem os efeitos das ameaças causadas pelas mudanças climáticas.
"Pode ser que sejamos o primeiro país a ter um terço de sua massa continental debaixo d'água, infelizmente não seremos o último", advertiu o ministro das Relações Exteriores paquistanês, Bilawal Bhutto Zardari, em entrevista à AFP, após a Conferência Internacional de Doadores desta segunda em Genebra.
Esses compromissos foram assumidos durante uma conferência internacional, parcialmente organizada pela ONU, que buscou arrecadar metade dos US$ 16,3 bilhões, cerca de R$ 86,3 bilhões, necessários ao Paquistão para sua reconstrução e para enfrentar as consequências do aquecimento global.
"Hoje foi realmente um dia que nos dá muita esperança. A mensagem do mundo é clara: o mundo estará ao lado daqueles que sofreram desastres naturais", declarou Hina Rabbani Khar, após anunciar o valor do auxílio ao final da reunião.
O Paquistão, que com seus 216 milhões de habitantes é o quinto país mais populoso do mundo, é responsável por menos de 1% das emissões globais de gases de efeito estufa, mas é um dos mais vulneráveis aos episódios meteorológicos extremos provocados pela mudança climática.
O país ainda não se recuperou das inundações sem precedentes ocorridas em agosto do ano passado, que deixaram um terço de seu território submerso, mais de 1.7 mil mortos e 33 milhões de afetados.
No início da conferência, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu "investimentos maciços" e uma reforma do sistema financeiro internacional para ajudar o Paquistão, uma questão que já havia mencionado na COP27 sobre o clima no Egito.
"Nenhum país merece o que aconteceu com o Paquistão", declarou Guterres, solicitando financiamento para apoiar "a resposta heróica do povo paquistanês".
Em Genebra, o primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, afirmou nesta segunda-feira que seu país se encontra em uma "corrida contra o relógio" para fazer frente aos trabalhos de reconstrução e prevenção.
"Estamos em um ponto de inflexão na história", ressaltou.
O dirigente pediu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que reduza a pressão. "Estou constantemente tentando convencê-los a nos conceder uma pausa", disse.
O Banco Mundial, por sua parte, pediu para "manter os gastos nos limites suportáveis".
A ONU e o Paquistão exortaram os Estados, organizações e empresas a aumentarem seus auxílios, sobretudo financeiros, para concretizar os planos de longo prazo de resistência climática e de reconstrução do país.
"O Paquistão é vítima duas vezes: do caos climático e de um sistema financeiro mundial moralmente falido", afirmou Guterres.
Guterres lamentou que o sistema financeiro internacional não ajude o suficiente os países de renda média, que precisam "investir na resistência às catástrofes naturais", aliviando a dívida, ou oferecendo-lhes mais financiamento. Nesse sentido, fez um apelo por planos de financiamento "criativos" para ajudar esses Estados "quando mais precisam".
Segundo o plano de governo, denominado Marco de Recuperação, Reabilitação e Reconstrução Resiliente, apresentado oficialmente nesta segunda-feira, são necessários pelo menos US$ 16,3 bilhões.
O governo paquistanês planeja cobrir metade desse montante com recursos próprios, incluindo alianças público-privadas, mas espera conseguir que a comunidade internacional aporte o restante.
Islamabad e a ONU explicaram que a conferência, da qual participaram representantes de cerca de 40 países, do Banco Mundial e de bancos de desenvolvimento, foi mais do que uma tradicional conferência de doadores, pois buscou lançar um sistema de colaboração internacional para a reconstrução do país e para melhorar a resiliência do Paquistão às mudanças climáticas.
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