Salvadorenhos comemoram o fim da guerra civil e denunciam repressão

"Estamos aqui nas ruas para comemorar o fim da guerra civil, mas também para pedir a verdadeira paz e que o governo pare com a repressão, Marisela Ramírez, da diretoria do Bloco de Resistência e Rebelião Popular

Salvadorenhos comemoram o fim da guerra civil e denunciam repressão MARVIN RECINOS / AFP
Publicado 15/01/2023 19:37
Cerca de cinco mil pessoas se reuniram em San Salvador neste domingo (15) para comemorar os 31 anos do fim da guerra civil no país e aproveitaram para a denunciar a repressão no governo do atual presidente, Nayib Bukele, que decretou estado de exceção em março do ano passado.
Carregando faixas e pequenas bandeiras com as inscrições "resistência popular" e "liberdade para os detidos", a manifestação saiu do parque Cuscatlán, na parte oeste de San Salvador, e teve fim na praça central Gerardo Barrios.
"Estamos aqui nas ruas para comemorar o fim da guerra civil, mas também para pedir a verdadeira paz e que o governo pare com a repressão, disse à AFP Marisela Ramírez, da diretoria do Bloco de Resistência e Rebelião Popular.
Em 16 de janeiro de 1992, sob a mediação da Organização das Nações Unidas (ONU), o governo e o grupo guerrilheiro da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) assinaram os acordos de paz que abriram caminho para a democracia.
A guerra civil, instaurada pela injustiça social no país, fechou espaços de participação política e utilizou de forte repressão militar. Entre os anos de 1980 e 1992, ao todo, mais de 75 mil pessoas morreram, 7 mil ficaram desaparecidas e o país sofreu perdas milionárias para a economia.
Em virtude dos acordos de paz, o sistema judicial foi reformulado, novas instituições de Direitos Humanos foram criadas e três forças de segurança foram extintas e substituídas por uma nova polícia civil. Bukele classificou o acordo de paz como "uma farsa" e promoveu uma iniciativa em 2022 para que todo dia 16 de janeiro seja comemorado o "Dia Nacional das Vítimas do Conflito Armado".
Neste domingo, dirigentes de diversas organizações protestaram contra o estado de exceção implementado pelo Congresso em março do ano passado, a pedido do presidente, como uma resposta ao aumento de assassinatos relacionados a violência de gangues que resultou em 87 mortes entre 25 e 27 de março.
Questionado por órgãos humanitários, o regime de exceção permite prisões sem ordem judicial e já acumula cerca de 61 mil pessoas detidas que supostamente têm relações com estes grupos.
"Já sofremos 12 anos de conflito armado (...) não podemos permitir estes abusos e que esta repressão continue em nosso país", declarou Ivania Cruz, do Comitê de Familiares de Presos Políticos de El Salvador, em uma coletiva de imprensa.
No ato, Raquel Flores pedia liberdade para seu filho, Carlos Antonio Marroquín, detido pela polícia em 6 de maio em Guazapa, a 25 quilômetros de San Salvador. Flores exibia uma faixa que clamava por "justiça": "Liberdade para meu filho. Ele é trabalhador, NÃO membro de gangue". 
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"Estamos aqui nas ruas para comemorar o fim da guerra civil, mas também para pedir a verdadeira paz e que o governo pare com a repressão, Marisela Ramírez, da diretoria do Bloco de Resistência e Rebelião Popular

Salvadorenhos comemoram o fim da guerra civil e denunciam repressão MARVIN RECINOS / AFP
Publicado 15/01/2023 19:37
Cerca de cinco mil pessoas se reuniram em San Salvador neste domingo (15) para comemorar os 31 anos do fim da guerra civil no país e aproveitaram para a denunciar a repressão no governo do atual presidente, Nayib Bukele, que decretou estado de exceção em março do ano passado.
Carregando faixas e pequenas bandeiras com as inscrições "resistência popular" e "liberdade para os detidos", a manifestação saiu do parque Cuscatlán, na parte oeste de San Salvador, e teve fim na praça central Gerardo Barrios.
"Estamos aqui nas ruas para comemorar o fim da guerra civil, mas também para pedir a verdadeira paz e que o governo pare com a repressão, disse à AFP Marisela Ramírez, da diretoria do Bloco de Resistência e Rebelião Popular.
Em 16 de janeiro de 1992, sob a mediação da Organização das Nações Unidas (ONU), o governo e o grupo guerrilheiro da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) assinaram os acordos de paz que abriram caminho para a democracia.
A guerra civil, instaurada pela injustiça social no país, fechou espaços de participação política e utilizou de forte repressão militar. Entre os anos de 1980 e 1992, ao todo, mais de 75 mil pessoas morreram, 7 mil ficaram desaparecidas e o país sofreu perdas milionárias para a economia.
Em virtude dos acordos de paz, o sistema judicial foi reformulado, novas instituições de Direitos Humanos foram criadas e três forças de segurança foram extintas e substituídas por uma nova polícia civil. Bukele classificou o acordo de paz como "uma farsa" e promoveu uma iniciativa em 2022 para que todo dia 16 de janeiro seja comemorado o "Dia Nacional das Vítimas do Conflito Armado".
Neste domingo, dirigentes de diversas organizações protestaram contra o estado de exceção implementado pelo Congresso em março do ano passado, a pedido do presidente, como uma resposta ao aumento de assassinatos relacionados a violência de gangues que resultou em 87 mortes entre 25 e 27 de março.
Questionado por órgãos humanitários, o regime de exceção permite prisões sem ordem judicial e já acumula cerca de 61 mil pessoas detidas que supostamente têm relações com estes grupos.
"Já sofremos 12 anos de conflito armado (...) não podemos permitir estes abusos e que esta repressão continue em nosso país", declarou Ivania Cruz, do Comitê de Familiares de Presos Políticos de El Salvador, em uma coletiva de imprensa.
No ato, Raquel Flores pedia liberdade para seu filho, Carlos Antonio Marroquín, detido pela polícia em 6 de maio em Guazapa, a 25 quilômetros de San Salvador. Flores exibia uma faixa que clamava por "justiça": "Liberdade para meu filho. Ele é trabalhador, NÃO membro de gangue". 
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