Publicado 17/01/2023 13:07 | Atualizado 17/01/2023 13:08
Os hospitais no Nepal começaram, nesta terça-feira (17), a entregar às famílias os corpos das vítimas da queda do avião dois dias atrás, na pior tragédia aérea que atingiu o país em três décadas.
O avião, um ATR 72 bimotor da empresa nepalesa Yeti Airlines com 68 passageiros e quatro tripulantes a bordo, caiu em um precipício perto do aeroporto de Pokhara (centro), porta de entrada para alpinistas do mundo todo.
Todos os ocupantes do avião morreram, conforme as autoridades. Entre eles, havia seis crianças e 15 estrangeiros, identificados como cinco cidadãos indianos, quatro russos, dois coreanos, uma argentina, um australiano, um irlandês e um francês.
Desde o acidente, as equipes de resgate trabalham sem trégua para recuperar os restos mortais das vítimas entre os fragmentos do avião, a fuselagem e os assentos incinerados no fundo do precipício, a cerca de 300 metros de profundidade.
Até esta terça-feira, 70 corpos dos 72 foram recuperados, disse o policial AK Chhetri à AFP. "Encontramos um corpo ontem à noite. Mas eram três pedaços. Não temos certeza se são três corpos, ou apenas um. Isso será confirmado mais tarde com um teste de DNA", explicou. "As buscas pelos corpos desaparecidos foram retomadas. Hoje (terça-feira), mobilizamos quatro drones para isso e ampliamos o raio de busca para três quilômetros, em vez de dois", acrescentou.
Nesta terça-feira, profissionais da saúde, vestidos com roupas e máscaras de proteção, colocaram vários corpos envoltos em lonas plásticas em caminhões militares. A movimentação foi acompanhada por familiares, devastados pela dor.
Os veículos seguiram para o aeroporto, de onde os restos mortais serão levados para Katmandu, a capital. Entre as vítimas está o jornalista Tribhuban Poudel, cujo caixão foi coberto de flores.
Segundo Chhetri, oito corpos já foram entregues às famílias, e 14 serão submetidos à necropsia, em Pokhara. Outros 48 serão transferidos para Katmandu, para que se faça testes de DNA e seja possível entregá-los às suas famílias.
Procedente de Katmandu, o ATR 72 caiu pouco antes das 11h locais (2h15 no horário de Brasília) de domingo (15) perto do aeroporto de Pokhara, a segunda maior cidade do Nepal.
Ainda não se sabe a causa do acidente, mas um vídeo divulgado nas redes sociais - apurado por um parceiro da AFP - mostrou como o avião girou bruscamente para a esquerda, ao se aproximar do aeródromo, enquanto se ouvia uma forte explosão.
As caixas-pretas do avião, fabricado pela ATR, subsidiária da Airbus e do grupo italiano Leonardo, foram entregues às autoridades na segunda-feira (16), informou o chefe do aeroporto internacional de Pokhara, Bikram Raj Gautam.
"Parece que o voo, que deveria pousar no lado leste, dirigiu-se para o oeste e aterrissou após fazer um giro. Não sabemos se isso foi devido a um erro, ou por uma razão técnica", disse à AFP Tek Bahadur KC, uma autoridade local.
Segundo a agência Press Trust of India (PTI), a piloto, Anju Khatiwada, entrou na aviação civil nepalesa após a morte do marido em um acidente com um pequeno avião de passageiros em 2006.
Essencial para levar suprimentos para as regiões remotas e transferir alpinistas, o setor de aviação civil do país cresceu muito nos últimos anos. Devido à falta de treinamento de pessoal e a problemas de manutenção, as empresas enfrentam, em geral, problemas de segurança.
Por esse motivo, a União Europeia proibiu todas as transportadoras nepalesas de entrarem em seu espaço aéreo.
A pior catástrofe aérea da história deste país do Himalaia aconteceu em setembro de 1992, quando um avião da Pakistan International Airlines caiu perto de Katmandu, deixando 167 mortos.
Leia mais