Publicado 19/01/2023 12:51 | Atualizado 19/01/2023 12:57
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, aumentou a pressão a seus aliados ocidentais novamente nesta quinta-feira, 19, para fornecerem a seu país mais armas pesadas na guerra contra a Rússia, na véspera de uma reunião importante sobre ajuda a Kiev.
Em resposta, a Rússia alertou que, se os aliados fornecerem à Ucrânia armas de longo alcance capazes de atacar o território russo, isso levará a uma escalada "perigosa" do conflito. "É potencialmente muito perigoso, isso significaria que o conflito vai para um novo nível que, é claro, não é um bom presságio para a segurança europeia", disse o porta-voz presidencial russo Dmitri Peskov.
O presidente ucraniano criticou a Alemanha nesta quinta-feira por hesitar em entregar tanques ao seu país, dizendo que não era uma "boa estratégia". "Há momentos em que você não deve duvidar ou se comparar. Alguém disse 'eu dou tanques se outra pessoa também fizer'", disse em um discurso por videoconferência à margem do Fórum de Davos.
O mandatário se referia a reportagens da imprensa segundo as quais Berlim entregaria tanques se os Estados Unidos dessem veículos Abrams.
Mas, por enquanto, Washington não está disposto a fornecer esses blindados mais avançados, disse uma autoridade do Pentágono na quarta-feira.
Os ministros da Defesa e das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleksii Reznikov e Dmytro Kuleba, também instaram seus aliados a "reforçar consideravelmente" suas entregas de armas, incluindo tanques Leopard, de acordo com um comunicado conjunto divulgado também nesta quinta.
Ambos pediram a uma dezena de países, incluindo a Turquia - que quer mediar o conflito - e a Alemanha, que entreguem os veículos blindados o mais rápido possível, pois são "uma das necessidades mais essenciais e urgentes" do Exército ucraniano.
Os tanques Leopard estão entre os principais veículos de batalha modernos de estilo ocidental que Kiev está reivindicando dos aliados e que, segundo especialistas, seriam cruciais nos combates no leste da Ucrânia.
Na sexta-feira, 20, ministros da Defesa e altos oficiais militares dos países aliados da Ucrânia se reunirão na base aérea de Ramstein, na Alemanha, com o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, para discutir o apoio a Kiev. Austin encontrará nesta quinta-feira com seu colega alemão Boris Pistorius, nomeado esta semana.
O Reino Unido anunciou o envio de 14 tanques Challenger 2; a Polônia disse que enviaria 14 tanques Leopard 2 de fabricação alemã. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse na quarta-feira, 18, em Davos, que os países da aliança militar forneceriam a Kiev armas "mais pesadas e modernas".
No seu discurso, o líder ucraniano também reiterou que o objetivo é "libertar todos os nossos territórios", incluindo a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. "A Crimeia é nossa terra, nosso território, nosso mar e nossas montanhas. Deem-nos suas armas e teremos nossa terra de volta", disse ele a seus aliados ocidentais.
Em relação à ajuda ocidental a Kiev, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou nesta quinta-feira que seguiria para a capital ucraniana para discutir com Zelensky novas medidas de apoio. As declarações do líder ucraniano em Davos acontecem um dia após a queda do helicóptero nos arredores de Kiev, na qual o ministro do Interior, Denis Monastirski, e outras 13 pessoas perderam a vida.
Questionado se foi um acidente, Zelensky disse que "várias teorias" estavam sendo consideradas na apuração, mas não estava autorizado a falar sobre elas. As autoridades ucranianas abriram uma investigação criminal sobre o caso, ordenada pela Presidência.
O helicóptero, um Super Puma EC-225, caiu perto de um jardim de infância e um prédio residencial de 14 andares na cidade de Brovary, a leste da capital. Após a morte de Monastirski, no cargo desde julho de 2021, o chefe da polícia nacional da Ucrânia ficará temporariamente à frente do Ministério, disse Zelensky.
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