Cresce o preconceito contra lideranças femininas

Menos da metade dos entrevistados nos países do G7 afirmaram estar muito confortáveis em ter uma mulher como CEO de empresa em seu país

Criação de políticas públicas podem ajudar a melhorar a equidade de gêneros Tânia Rêgo/Agência Brasil
Publicado 20/01/2023 16:56
O último Índice de Liderança Reykjavik, pesquisa anual que avalia a percepção do mercado quanto às lideranças femininas e masculinas, trouxe um panorama desanimador para as mulheres. Menos da metade dos entrevistados nos países do G7 (Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos) afirmaram estar muito confortáveis em ter uma mulher como CEO de uma empresa em seu país. A porcentagem ficou em 47%, o que destaca uma queda de 54% em relação aos dados de 2021. O relatório é promovido em parceria com a rede Women Political Leaders e a Kantar Public e entrevistou mais de 10 mil pessoas em 14 países.
No Brasil, o cenário também se equipara. De acordo com o relatório Women em Business 2022, promovido pela consultoria Grant Thornton, mulheres ocupam apenas 38% dos cargos de liderança no país. Mesmo assim, quando comparado aos dados dos demais países da América Latina (35%), o Brasil se mantém à frente dos demais, ficando em quarto lugar no ranking global elaborado por esse levantamento.
Para Cristina Boner, fundadora e presidente da ONG Associação de Mulheres Empreendedoras (AME), o mundo está lidando com o surgimento de uma nova geração de mulheres líderes de grandes competências. “Existem pessoas que se sentem desconfortáveis com mulheres no poder de grandes empresas e, também, na política. A diversidade aqui se aplicaria também a todas as minorias que têm acesso limitado a estes espaços de poder”, comenta Cristina.
O mais recente Global Gender Gap Report, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF), também constatou a baixa representatividade de minorias em cargos governamentais. No ranking 'Empoderamento Político” o país se encontra na 104ª posição, o que reflete o baixo índice de mulheres ocupando cadeiras no parlamento nacional, que ficou em 14,8%. “É comum, para mulheres no início de qualquer carreira, ouvir conselhos como ‘para ter sucesso é preciso se portar e agir como um homem’. Por mais absurdo que isso possa soar, há um tempo atrás parecia fazer sentido, e ainda hoje este preconceito existe”, opina a especialista.
Existem meios para enfrentar o paradigma
A criação de políticas públicas e, também, privadas, podem ajudar a melhorar a equidade de gêneros entre as equipes de liderança. Em relação à diversidade e inclusão, ainda segundo informações do relatório Woman in Business 2022, existem dados com potencial de crescimento em aspectos como novas contratações femininas, promoção das mulheres, igualdade salarial e de gênero, criação de cultura inclusiva, entre outros.
Desenvolver a capacidade de liderança também é uma competência profissional, inclusive, destacada pelo último The Future of Jobs Report da WEF, usado como referência mundial para projeções do meio corporativo. Segundo o relatório, entre as soft skills que serão mais requisitadas até 2025, “Liderança e Influência Social” estão em sexto lugar do TOP 15.
“A mulher deve adquirir conhecimento técnico e capacitação, sempre. Mesmo assim, conhecer o seu íntimo não somente ajuda a instrumentalizar aquilo que se tem de melhor, como também aponta os caminhos para o aperfeiçoamento”, indica Cristina, que também atua com a capacitação de mulheres de baixa renda para ingresso no mercado de trabalho através da ONG AME.
Sobre o crescimento pessoal da mulher, a especialista traz uma recomendação: “A inspiração feminina vem de muitos lugares e, agora, elas estão cada vez mais presentes nas cadeiras de CEO, nas revistas de negócios e em histórias inspiradoras. Mesmo assim, a maior referência deve vir de dentro de si mesma”, finaliza Cristina.
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Cresce o preconceito contra lideranças femininas

Menos da metade dos entrevistados nos países do G7 afirmaram estar muito confortáveis em ter uma mulher como CEO de empresa em seu país

Criação de políticas públicas podem ajudar a melhorar a equidade de gêneros Tânia Rêgo/Agência Brasil
Publicado 20/01/2023 16:56
O último Índice de Liderança Reykjavik, pesquisa anual que avalia a percepção do mercado quanto às lideranças femininas e masculinas, trouxe um panorama desanimador para as mulheres. Menos da metade dos entrevistados nos países do G7 (Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos) afirmaram estar muito confortáveis em ter uma mulher como CEO de uma empresa em seu país. A porcentagem ficou em 47%, o que destaca uma queda de 54% em relação aos dados de 2021. O relatório é promovido em parceria com a rede Women Political Leaders e a Kantar Public e entrevistou mais de 10 mil pessoas em 14 países.
No Brasil, o cenário também se equipara. De acordo com o relatório Women em Business 2022, promovido pela consultoria Grant Thornton, mulheres ocupam apenas 38% dos cargos de liderança no país. Mesmo assim, quando comparado aos dados dos demais países da América Latina (35%), o Brasil se mantém à frente dos demais, ficando em quarto lugar no ranking global elaborado por esse levantamento.
Para Cristina Boner, fundadora e presidente da ONG Associação de Mulheres Empreendedoras (AME), o mundo está lidando com o surgimento de uma nova geração de mulheres líderes de grandes competências. “Existem pessoas que se sentem desconfortáveis com mulheres no poder de grandes empresas e, também, na política. A diversidade aqui se aplicaria também a todas as minorias que têm acesso limitado a estes espaços de poder”, comenta Cristina.
O mais recente Global Gender Gap Report, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF), também constatou a baixa representatividade de minorias em cargos governamentais. No ranking 'Empoderamento Político” o país se encontra na 104ª posição, o que reflete o baixo índice de mulheres ocupando cadeiras no parlamento nacional, que ficou em 14,8%. “É comum, para mulheres no início de qualquer carreira, ouvir conselhos como ‘para ter sucesso é preciso se portar e agir como um homem’. Por mais absurdo que isso possa soar, há um tempo atrás parecia fazer sentido, e ainda hoje este preconceito existe”, opina a especialista.
Existem meios para enfrentar o paradigma
A criação de políticas públicas e, também, privadas, podem ajudar a melhorar a equidade de gêneros entre as equipes de liderança. Em relação à diversidade e inclusão, ainda segundo informações do relatório Woman in Business 2022, existem dados com potencial de crescimento em aspectos como novas contratações femininas, promoção das mulheres, igualdade salarial e de gênero, criação de cultura inclusiva, entre outros.
Desenvolver a capacidade de liderança também é uma competência profissional, inclusive, destacada pelo último The Future of Jobs Report da WEF, usado como referência mundial para projeções do meio corporativo. Segundo o relatório, entre as soft skills que serão mais requisitadas até 2025, “Liderança e Influência Social” estão em sexto lugar do TOP 15.
“A mulher deve adquirir conhecimento técnico e capacitação, sempre. Mesmo assim, conhecer o seu íntimo não somente ajuda a instrumentalizar aquilo que se tem de melhor, como também aponta os caminhos para o aperfeiçoamento”, indica Cristina, que também atua com a capacitação de mulheres de baixa renda para ingresso no mercado de trabalho através da ONG AME.
Sobre o crescimento pessoal da mulher, a especialista traz uma recomendação: “A inspiração feminina vem de muitos lugares e, agora, elas estão cada vez mais presentes nas cadeiras de CEO, nas revistas de negócios e em histórias inspiradoras. Mesmo assim, a maior referência deve vir de dentro de si mesma”, finaliza Cristina.
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