Publicado 26/01/2023 12:00
Nove palestinos morreram e outros 20 ficaram feridos nesta quinta-feira, 26, em um ataque do Exército israelense em Jenin, na Cisjordânia ocupada. A ministra da Saúde palestina, Mai Al Kaila, afirma que gás lacrimogêneo foi disparado contra um hospital, mas Israel nega.
No total, nove pessoas morreram, entre elas "uma idosa", e vinte ficaram feridas, quatro delas gravemente, durante a operação militar no campo de refugiados desta cidade do norte da Cisjordânia ocupada, segundo o Ministério da Saúde palestino. Este é o saldo mais alto em uma operação israelense na Cisjordânia nos últimos anos.
Um porta-voz militar israelense disse que o Exército realizou "uma operação antiterrorista" contra a organização armada Jihad Islâmica, envolvida em vários ataques contra Israel.
Antes de se retirar, as forças israelenses "jogaram deliberadamente granadas de gás lacrimogêneo" na ala pediátrica de um hospital de Jenin, "o que provocou a asfixia de algumas crianças", disse a ministra da Saúde palestina, Mai Al Kaila.
"Ninguém disparou gás lacrimogêneo deliberadamente contra um hospital (...), mas a operação ocorreu não muito longe de um hospital e é possível que o gás lacrimogêneo tenha entrado por uma janela aberta", disse um porta-voz do Exército israelense à AFP, rejeitando as acusações palestinas.
"Durante o ataque, as forças israelenses dispararam contra vários 'terroristas', afirmou o Exército pouco antes. Os soldados entraram em um prédio onde havia "suspeitos", acrescentou.
"A resistência está por toda parte e está preparada para o próximo confronto caso o governo fascista (israelense) e seu exército criminoso continuem atacando nosso povo, nossa terra e nossos lugares sagrados", disse Tariq Salmi, porta-voz da Jihad Islâmica.
No final da manhã, os serviços de emergência trabalhavam entre os escombros, no campo de Jenin, onde as paredes de vários prédios estavam enegrecidas pelos incêndios, apurou um fotógrafo da AFP.
As instalações, criadas em 1953, são uma cidade dentro da cidade e, abrigam cerca de 20 mil refugiados, segundo a UNRWA, agência da Organização das Nações Unidas (ONU) encarregada dos refugiados palestinos.
Em maio de 2021, a jornalista palestina-americana Shireen Abu Akleh, estrela da televisão Al Jazeera, foi morta enquanto cobria um ataque israelense ao local.
O Exército israelense, que ocupa a Cisjordânia desde 1967, realiza operações quase diárias nesse território palestino, principalmente no norte, nos setores de Jenin e Nablus, redutos de grupos armados palestinos.
"O Exército israelense destrói tudo e atira em tudo que se move", disse à AFP o vice-governador de Jenin, Kamal Abu Al Rub, acrescentando que os moradores vivem "em estado de guerra".
Segundo a Cruz Vermelha, a retirada de muitos feridos foi difícil, disse a ministra Al Kaila.
A ministra palestina convocou uma "reunião de emergência" com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
"O que está acontecendo em Jenin e em seu campo é um massacre perpetrado pelo governo de ocupação israelense", disse Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.
"A ocupação pagará o preço por este massacre que cometeu em Jenin e em seu campo de refugiados", prometeu em nota Saleh Al Aruri, autoridade do Hamas, o movimento islâmico palestino no poder na Faixa de Gaza.
O secretário-geral da Liga Árabe denunciou um "massacre sangrento" perpetrado "sob as ordens diretas do (primeiro-ministro israelense Benjamin) Netanyahu e seu Estado-Maior".
Com as mortes desta quinta-feira, sobe para 29 o número de palestinos, civis ou integrantes de grupos armados, mortos desde o início do ano em atos de violência contra forças israelenses ou civis.
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