Publicado 03/02/2023 09:01
Kinshasa - O papa Francisco viajou nesta sexta-feira, 3, da República Democrática do Congo (RDC) para o Sudão do Sul, após uma visita marcada por apelos à paz. Ambos países são intensamente afetados pela violência.
Em Kinshasa, capital do país com o maior número de católicos na África, o pontífice argentino condenou o conflito no leste da RDC, pediu aos governantes que lutem contra a corrupção e fez um pedido aos jovens para que se envolvam no futuro da nação.
Na terça-feira, 31, primeiro dia da visita, ele criticou o "colonialismo econômico", que impede a RDC "de "aproveitar de modo suficiente de seus imensos recursos naturais".
Antes do fim da visita à RDC, Francisco fez um um discurso para os bispos do país. Ele pediu aos religiosos que não se limitem à "ação política" e que se concentrem no povo, em um país onde a Igreja Católica atua tradicionalmente como contrapoder.
O papa inicia uma "peregrinação da paz" no Sudão do Sul, país mais jovem do mundo (conquistou a independência em 2011) e de maioria cristã. A nação está entre as mais pobres do planeta e sofre com a devastação provocada por uma guerra civil.
O pontífice deve chegar ao país às 15h00 (10h00 de Brasília) e fará uma visita de cortesia ao presidente e aos vice-presidentes. Também discursará no palácio presidencial. No sábado, 4, ele se reunirá com religiosos católicos e deslocados internos para uma oração ecumênica. No domingo, 5, celebrará uma missa.
Na capital Juba, o papa, de 86 anos, será acompanhado pelos líderes das Igrejas da Inglaterra e da Escócia, representantes das outras duas confissões cristãs deste país de 12 milhões de habitantes. Os três líderes religiosos se envolveram pessoalmente no processo de paz - os dirigentes políticos, no entanto, ignoraram os apelos à reconciliação.
Depois de décadas de luta com o Sudão, e dois anos após sua independência, o país iniciou em 2013 uma guerra civil de cinco entre os grupos de Salva Kiir (atual presidente do país) e Riek Mashar (atual primeiro vice-presidente).
Quase 380.000 pessoas morreram no conflito, que deixou milhões de deslocados e uma economia em ruínas. Apesar do acordo de paz de 2018, a violência prossegue, estimulada pelas elites políticas.
A Igreja preenche um vazio em áreas sem serviços governamentais e onde os trabalhadores humanitários são vítimas frequentes de ataques violentos. Em 2019, Francisco recebeu os dois inimigos no Vaticano, se ajoelhou e suplicou pela paz.
Centenas de pessoas viajaram a Juba de outras partes do Sudão do Sul. Quase 60 jovens caminharam 400 quilômetros até a capital para divulgar uma mensagem de unidade, em um país com mais de 60 grupos étnicos. Quase 5.000 policiais e soldados foram mobilizados para a visita nesta sexta-feira, que foi declarado feriado nacional.
Esta é 40ª viagem internacional de Francisco desde que foi eleito papa em 2013 e a terceira para a África subsaariana.
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